O facto de estarem a decorrer os jogos dá toda a pertinência a esta questão. Como vão poder constatar, este é um caso muito interessante que mostra que as línguas são
organismos vivos, dinâmicos, mutáveis e... imprevisíveis!
A. Portugal
1. Em 2000, na
resposta a um consulente, diz-se no Ciberdúvidas: “Nunca
paralímpico,
mas sim paraolímpico
ou mesmo parolímpico. O segundo elemento não é susceptível de perder a vogal
inicial (olímpico). Embora se veja para aí a primeira grafia, não deixa de ser
(como costumo afirmar!) um mamarracho!”
2. Em 2005, Margarita
Correia do ILTEC também é taxativa: “Paraolímpico
(e não “paralímpico”,
nem “para-olímpico)”. Pode ler o texto AQUI.
3. Em 2008, também o
Diário do Alentejo afinava pelo mesmo diapasão: “paraolímpico,
e não "paralímpico"
(…).Suprimir a vogal o significaria atentar contra a integridade semântica da
palavra, formada a partir de olimpíadas.”
4. Em contracorrente relativamente à opinião generalizada, Pedro
Mendes, numa resposta nas “Dúvidas Linguísticas” da Priberam, dizia em 2004: “As
formas paraolímpico
e paralímpico
encontram-se ambas registadas em vários dicionários de língua portuguesa e
nenhuma delas pode ser considerada incorrecta.
A forma preferencial deverá ser paraolímpico,(…).”
5. No seu dicionário (de 2001), a Academia das Ciências de Lisboa
regista apenas para-olímpico. Trata-se certamente de um lapso,
pois esta forma de escrever não respeita as regras de uso do hífen. O prefixo
para- (como in-, des- ou trans-) aglutina sempre. Logo, não pode haver hífen.
6. Atualmente, o “mamarracho”
referido em 1. não só já não o é como passou a figurar em todos os dicionários e
também no Portal da Língua Portuguesa.
B. Angola
O termo paralímpico já é usado oficialmente
pelo menos desde 2003.
C. Brasil
1. Dos cinco dicionários consultados, apenas o Dicionário Online de Português regista paralímpico. Também o
Vocabulário da Academia Brasileira das Letras ignora esta forma.
2. No entanto, há menos de um
mês, em agosto de 2012, saiu na revista Veja
um artigo do escritor brasileiro Sérgio Rodrigues a dar conta da entrada
irreversível do paralímpico no português do Brasil (AQUI).
3. Segundo o “site”
LANCE!NET, a mudança para paralímpico foi sugerida pelo International Paralympic Committee, tendo o Comité Organizador dos
Jogos Rio 2016 sido a primeira instituição brasileira a adotar a nova grafia.
Pode ler dois artigos sobre o assunto AQUI e AQUI.
CONCLUSÕES:
2. Embora vá continuar a escrever paraolímpico, pelo que fica dito, parece-me que ambas as formas (paraolímpico e paralímpico) estão legitimadas tanto na norma luso-africana como na brasileira!
Notas:
1. a) Paralímpico vem do inglês paralympic (amálgama de
para(plegic)+(o)lympics);
b) Paraolímpico resulta da junção
do prefixo grego para- à palavra olímpico (do grego olympikós, «de
Olímpia», pelo latim olympĭcu-);
2. Os franceses (paralympique),
os espanhóis (paralimpico) e os alemães (paralympishe) também navegam nas águas paralímpicas.
Abraço
AP
António,
ResponderExcluirEu não deixei um comentário aqui?
Estranho, pensei que sim.
Abraço.
Deixou, sim senhora! Numa postagem igual, mas no novo blogue. No http://portuguesemforma.blogspot.pt
ExcluirOlá.
ResponderExcluirPostagem divulgada no Portal Teia.
Até mais