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segunda-feira, 31 de março de 2014

Voluntário em S. Tomé 5: conhecer um pouco do Norte!

Os Leigos (uma ONG católica) reservam um dia por semana para descanso. O objetivo é recarregar baterias para uma nova semana de trabalho (intenso e desgastante) e reforçar o espírito de grupo. O dia habitual de descanso dos Leigos de S. Tomé - uma equipa na capital, outra no isolado Sul (onde estou) é a sexta-feira. Como trabalho entre 2ª e sábado, durante a minha presença, o dia de descanso passou a ser o domingo. 
Assim, hoje, foi dia de descontração. Partimos a meio da manhã com sandes, frutas exóticas e água na bagagem. No percurso, visita da roça Agostinho Neto, observação da FAUNA (os tecelões e uma ave que só tinha visto no National Geographic: a viúva, com uma longuíssima cauda negra que, como o cuco, coloca os seus ovos nos ninhos de outras espécies, sobretudo os bicos-de-lacre) e da FLORA (com destaque para os imponentes embondeiros) e paragem em três praias. No regresso à capital, ainda houve tempo para uma pausa refrescante na “Geli doxi”, onde tive oportunidade de experimentar um excelente gelado de sape-sape. Dia pleno de coisas novas e muita alegria com os meus amigos Leigos: o Nuno e o Francisco; a Andreia, a Patrícia, a Catarina e a Natacha. Amanhã, logo pela manhã, volto para o Sul para mais uma semana de formações e aulas de francês.
Quando voltar a ter acesso à net, darei mais notícias.
Um abraço caloroso como as águas deste mar imenso que me separa do pátrio retângulo à beira-mar plantado.
AP
P.s. Cozinhei o jantar para todos: arroz de repolho avinagrado (com uma espécie de tubérculo alaranjado designado aqui como açafrão. Consegui apurar que é o açafrão-da-terra, uma espécie de curcuma) com salsichas estufadas em azeite, cebola picada e mostarda. O repasto foi apreciado!


 O Ilhéu das Cabras (visto da praia de Micoló)

A magnífica praia “lagoa azul”. À esquerda, a molhar os pés na água morna, um embondeiro.

A múcua (fruto do embondeiro), com que se faz uma nutritiva bebida.

terça-feira, 25 de março de 2014

Voluntário em S. Tomé 4: tudo sobre rodas!

 O Nei (um novo amigo de origem cabo-verdiana) a sair do mar depois de uma pesca de mergulho. Peixes quase todos desconhecidos para mim…

Para tornar a vida dos meus amigos Leigos um pouco menos dura, fui para a cozinha e criei uma compota de mamão com sumo de limão e canela. Não é para me gabar, mas ficou mesmo no ponto ;)

O acesso à internet não é fácil, pelo que as notícias têm de ser espaçadas.
Apesar da ausência de dias frescos (temperatura à volta dos 30 graus, mas um tempo sempre abafado e húmido), a adaptação fez-se sem grande incómodo.
A formação segue a bom ritmo, abrangendo cerca de 50 pessoas (distribuídas por duas turmas de francês e uma de professores de vários níveis de ensino). As carências de materiais de apoio para as aulas são notórias: nem um gravador áudio. Dois ou três dicionários para toda a escola, caderno, manuais (em muito mau estado), quadro e giz.
No entanto, a vontade de tirar partido da formação é evidente e os professores (bastante jovens e com qualificações que, na maior parte dos casos, não ultrapassam o 11º ano) têm vontade de adquirir novas competências e introduzir inovações no processo de ensino-aprendizagem.
Abraço grande!
António ;)

quarta-feira, 19 de março de 2014

Voluntário em S. Tomé 3: Já no Sul em ação!

Olá a todos!
Afinal, embora esteja a orientar as formações em Porto Alegre, estou alojado com os Leigos em Malanza. A ambientação está feita e o trabalho avança a todo o gás (mas ao ritmo local do "leve-leve"). Nas formações de francês do turismo tenho, entre outros, secadoras de peixe e pescadores que se divertem muito com as boquinhas que é preciso fazer para pronunciar certos sons… Ontem, partilhei 1 hora de uma das sessões com os gritos convictamente inflamados da Igreja Universal do Reino de Deus, que funciona ao lado. Comecei a gritar também e a coisa fez-se…
Aqui vão algumas imagens:
  1. O que se vê da janela do meu quarto (o rio Malanza).
  2. A pedido de várias famílias, o marco do Equador (Ilhéu das Rolas).
  3. O Nuno (um dos meus amigos dos Leigos) a tocar a engenhosa sineta da escola onde dou a formação de professores).
  4. Também no Ilhéu, uma lagartixa são-tomense que, depois de me observado durante toda a manhã, perdeu a vergonha, trepou-me pela perna acima e lá ficou cerca de 1 hora.
Dito isto, aquele abraço!
António.

P.s.: Não sei quando volto a ter acesso à internet.

1.
 2.

3. 

4.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Voluntário em S. Tomé 2: chegada à capital


Depois de uma relativamente longa viagem, tinha os amigos Leigos à minha espera. Fui recebido com muita simpatia por todos e amanhã devo partir para Porto Alegre no sul do país. O ar quente e húmido entranha-se na pele como uma carícia persistente..
Na imagem, obtida no quintal da casa dos LPD aqui na capital, duas carambolas felizes pela chuva intensa e morna que tinha acabado de cair…
Abraço grande para todos.
António

quinta-feira, 13 de março de 2014

Voluntário em S. Tomé 1: partida


Depois de quase ter comprometido a partida com uma queda na horta, chegou o dia zero. Salvou-me de danos maiores o meu cleopátrico nariz que, como um airbag providencial, voou em direção ao passadiço de cimento, amorteceu a queda e limitou os estragos. Com o dedo grande do pé entrapado, o nariz cheio de escoriações e um olho que começou hoje a ficar negro, parto às 23h55.
6 horas mais tarde, terei à minha espera o Nuno e Andreia, elementos da ONG “Leigos para o Desenvolvimento”.
Ainda amanhã ao fim do dia ou no sábado, farei a viagem para o sul da ilha em direção ao meu local de trabalho: a vila piscatória de Porto Alegre. (Ver mapa)
Em função do acesso que venha a ter à internet, partilharei aqui informações e impressões e emoções.

Abraço a todos os amigos, colegas e conhecidos.
António
P.s.: Na preparação da viagem, e após uma ida ao Instituto de Medicina Tropical, iniciei a profilaxia da malária (um comprimido por semana até cerca de um mês após o regresso) e recebi duas vacinas: febre tifoide e hepatite A.
Imagem encontrada AQUI.

domingo, 9 de março de 2014

O Ministério da Educação desconhece o AO de 1945?


No âmbito de uma recolha de itens e de critérios de correção de Língua Portuguesa (1º ciclo), cruzei-me com a prova de aferição de 2012 para o 4º ano de escolaridade.
Para o artigo de hoje, selecionei dois extratos dos “critérios de codificação”:
1º “Até ao ano letivo 2013/2014, na codificação das provas, continuarão a ser consideradas corretas as grafias que seguirem o que se encontra previsto quer no Acordo de 1945, quer no Acordo de 1990 (atualmente em vigor), mesmo quando se utilizem as duas grafias numa mesma prova.
Era o que faltava que assim não fosse! Depois da salada manhosa em que se transformou a implementação do AO90, um pouco de bom senso era o mínimo exigível.
No entanto, parece que aplicação plena das novas regras dá-se já em setembro com entrada do novo ano letivo 2014/2015. Considerando que o período de transição só termina em maio de 2015, dá que pensar...
2º “Devem também ser considerados como erros ortográficos: (…) a ausência de duplo hífen na translineação de palavras com hífen;
É aqui que a porca torce o rabo! Parece que, para a equipa de construiu a prova, este hífen já era e continua a ser obrigatório… Será mesmo assim?
Recuemos quase 70 anos no tempo para ler o que o AO45 diz sobre o assunto:
Quando se tem de partir uma palavra composta ou uma combinação de palavras em que há um hífen, ou mais, e a partição coincide com o final de um dos elementos ou membros, pode, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex-||-alferes, mão-||-de-obra ou mão-de-||-obra, serená-||-los-emos ou serená-los-||-emos, sub-||-rogar, vice-||-almirante.” (Base XLVIII, 6º)
De acordo com o AO45, este hífen podia repetir-se, mas não era obrigatório.

No AO90, a redação foi alterada:
Na translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um hífen ou mais, se a partição coincide com o final de um dos elementos ou membros, deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex- -alferes, serená- -los-emos ou serená-los- -emos, vice- -almirante.
Só agora a repetição do hífen é obrigatória.

CONCLUSÃO:
Aplicando o critério de tolerância, teria de aceitar-se como corretas, nas respostas dos alunos, a repetição e a não repetição do hífen na linha seguinte.
Nota: Dei uma espreitadela às duas fases de 2013 do exame nacional do 4º ano. A redação das indicações para os classificadores alterou-se ligeiramente, mas não está clara: “No âmbito do parâmetro F – Ortografia –, são considerados também os erros de (…) translineação;” Deveria lá estar a informação de que a ausência de duplo hífen na translineação não deve ser considerada erro.

Abraço a todos.
AP
Imagem encontrada AQUI.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Qual o plural de éden?


Entrando na língua portuguesa pelo do latim eclesiástico Eden, há dois plurais possíveis para éden: um mais óbvio (édenes); outro, igualmente correto, mas menos conhecido (edens).
Tudo indica que esta possibilidade terá sido introduzida pelo AO90, uma vez que nada encontrei sobre o assunto no texto do AO45 (nem no FO43, aplicado no Brasil).
Parece estranha a forma edens sem acento, uma vez que a regra geral determina que as palavras paroxítonas terminadas em –n (e respetivos plurais) são acentuadas.
A explicação está na IX, nº 2, do AO: “As palavras paroxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -l, -n, -r, -x e -ps, assim como, salvo raras exceções, as respectivas formas do plural”.
Como dolmens e carmens, edens é uma das “raras exceções”.

CONCLUSÃO:
A palavra éden admite dois plurais: édenes e edens.

Que a vossa vida se preencha de édenes/edens!
AP
Imagem encontrada AQUI.