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quinta-feira, 31 de maio de 2012

.desfrutar ou disfrutar?

Inequivocamente, DESFRUTAR!
A palavra é o resultado do casamento des+fruto+ar, significando colher/gozar os frutos de (ou viver à custa de ou escarnecer, pois que ele há gente pra tudo!).
Como consequência da pronúncia do E como se de um I se tratasse, nasceu o "barbarismo comum" (Ciberdúvidas)*1 DISFRUTAR. Não estando registado nos dicionários, ganha o estatuto de desfrute clandestino...
Este é um erro que os nossos amigos do Brasil*2 não cometem, pois pronunciam o E de forma bem marcada, como se lá estivesse um acento circunflexo: "dêsfrute".
Continuação de boa semana,  desfrutando das pequenas coisas que a vida-mãe vos for depositando no regaço!
ProfAP
 
Veja também:


*1 - Barbarismo = uso de formas que se afastam da norma estabelecida como correta. Os mais puristas consideram que os estrangeirismos são barbarismos.
*2 - Entretanto, recebi uma mensagem (ver nos comentários) do leitor Daniel Cardoso que mostra que, afinal, também há dúvidas no português do Brasil: "Na verdade, moro em São Paulo e a pronúncia por aqui é com "i".  

terça-feira, 29 de maio de 2012

Em bom português: senão ou se não?

O assunto é complexo como podem comprovar nas gramáticas e nas respostas do Ciberdúvidas.
Ainda assim, apresento-vos uma síntese. Uma espécie de kit de sobrevivência…
1. Senão usa-se para dizer:
a) De outro modo, caso contrário (Despacha-te, senão perdemos o comboio!);
b) Exceto, a não ser (Todos chegaram a horas senão tu!);
c) Defeito (Não há bela sem senão! / Esse é um grande senão!).
 2. Se não usa-se quando:
a) o se é uma conjunção e o não um advérbio de negação (Se não correres, perdes o comboio!);
b) o se é uma partícula apassivante (Apesar de se não verem os seguranças, sentia-se a sua presença.)
DICA:
Com a devida vénia, transcrevo esta dica do http://emportuguescorrecto.blogs.sapo.pt/2082.html:
Como distinguir? No caso das duas palavras separadas, há a expressão clara de uma condição na negativa (se não X, acontece-te Y).
MAS…
1. Então, sai daqui imediatamente, senão salto-te em cima e faço-te em três!»
2. «Então, sai daqui imediatamente; se não [sais], salto-te em cima e faço-te em três!»
Em 1, senão equivale a «caso contrário» e é um marcador discursivo; em 2, introduz uma oração subordinada adverbial condicional, podendo ter o verbo subentendido.
E concluo a mensagem, senão chego atrasado à aula!
ProfAP

domingo, 27 de maio de 2012

.despensa ou dispensa?

Ambas as palavras estão corretas, mas com sentidos bem distintos:
DESPENSA - Nome: "pequeno compartimento onde se guardam maioritariamente produtos alimentares".
DISPENSA - Nome:  "ato ou efeito de dispensar ou de ser dispensado / "licença para não se fazer algo a que se está obrigado; permissão para não cumprir o que está estabelecido; isenção; escusa; desobriga".
                      Verbo: forma do verbo dispensar.
Com votos de uma boa semana,
ProfAP.

sábado, 26 de maio de 2012

Plantas e animais da casa: romãs em perspetiva...

Sou doido por romãs. As romãzeiras que adquiri, há dois e três anos respetivamente, parecem querer retribuir o carinho com que têm sido tratadas. As flores afirmam-se, sedutoras, numa irresistível cor de fogo que me incendeia a imaginação. Aqui vos deixo, a foto tirada ao fundo do quintal, prova viva da esperança, ainda embrionária, de vir a saciar-me com uma, outra e mais outra punica granatum.


Informações complementares

"Romã
De tonalidade e sabores únicos, este fruto delicioso oferece uma acção antioxidante e anti-inflamatória
Como em muitas plantas e frutos, a acção sinérgica dos vários constituintes da romã é superior à de cada um deles isolado.
No geral, este fruto tem um efeito antioxidante, anticancerígeno e anti-inflamatório, algo que pode ser explicado, em parte, pela presença não só de ácido elágico, mas também de antocianidinas, galhatos, ácido ascórbico, esteróis, flavonóides, ácidos gordos e vários minerais.
A romã está indicada para a prevenção e tratamento coadjuvante do cancro da próstata e de doenças cardiovasculares (angina de peito, aterosclerose, colesterol elevado e hipertensão).
O seu efeito antioxidante e anti-inflamatório faz com que seja útil em várias patologias, nomeadamente diabetes, disfunção eréctil, infecções bacterianas, resistência a antibióticos, queimaduras solares, infertilidade, doença de Alzheimer, artrite e obesidade.
Existem também resultados promissores ao nível do cancro do cólon, mama, pele e na leucemia, mas ainda não foram realizados estudos em humanos nestas patologias."
  
Nota: O texto acima transcrito segue a Norma de 1945.
Desejando a um todos um bom fim de semana,
ProfAP





quinta-feira, 24 de maio de 2012

Mais uma história de melros: desta vez, feliz!

Depois da confirmação do previsível e infeliz destino do ninho encontrado na mata (AQUI), descobri hoje, enquanto tratava das galinhas, um outro ninho, também de melro, ao fundo do quintal. As duas crias, confundindo-me com os progenitores, escancararam os bicos ávidos assim que pressentiram a minha presença. Aqui fica, para todos vós, a magia do precioso momento.


Abraço.
ProfAP

terça-feira, 22 de maio de 2012

.rubrica ou rúbrica?

É comum vermos e/ou ouvirmos “rúbrica” para falar da “assinatura abreviada” e “rubrica” para designar um assunto ou um pequeno apontamento.
1. Só existe uma palavra (grave) escrita e pronunciada da mesma maneira: “rubrica”, independentemente de nos estarmos a referir à assinatura abreviada ou a um assunto.
2. Sobre a interessante história desta palavra, transcrevo, com a devida vénia, uma mensagem publicada em julho de 2007 no blogue http://linguamodadoisec.blogspot.pt:
Ainda a “rúbrica”!
“Rubrica, para um pequeno apontamento, e rúbrica, para uma assinatura breve” – assim pensa a maioria das pessoas.
RUBRICA é, hoje em dia, uma das palavras utilizadas incorrectamente, quer na oralidade, quer na escrita. Contudo, a sua história ajuda-nos a esclarecer eventuais dúvidas. Viajem comigo!
Tendo a sua origem no latim rubrica
, estava relacionada com “rubro” (vermelho) e designava “terra, argila vermelha” ou “giz de cor vermelha”. Os títulos dos livros antigos e dos manuscritos medievais eram sempre escritos a vermelho, daí a designação rubricas.
Actualmente, os dicionários registam rubrica como o título dos capítulos de livros de direito civil, significado este que se foi alargando para “pequeno apontamento ou indicação”. Posteriormente, a palavra rubrica
passou a designar também uma assinatura abreviada.
Em suma, trata-se de uma palavra com acento tónico na penúltima sílaba -bri- e sem qualquer acento gráfico na vogal u. rubrica, portanto, em todas as acepções.

Espero que esta rubrica tenha sido esclarecedora, para que na altura de assinarem um documento, possam perguntar com um ar decidido: "Desculpe, onde quer que eu faça a rubrica?"

Com votos de uma boa semana,
ProfAP

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Em bom portugês: meio dia ou meio-dia?

Ambos os usos são possíveis, mas em aceções diferentes:
A. meio-dia
1. Quando nos referimos à hora para dizer que são 12 horas. “É meio-dia!”
2. Se estivermos a referir-nos ao ponto cardeal: Meio-Dia (equivalente a sul de França). Por ser empregado absolutamente, usamos maiúscula.

B. meio dia
Neste caso, estamos a referir-nos a uma parte do dia. “Trabalhou meio dia e foi para casa.” / “O tipo levou meio dia para cá chegar!”

Que os vossos dias e noites sejam felizes!
Prof.AP

Nota: A mesma regra é aplicável a meia noite/meia-noite.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

.bom dia ou bom-dia?

Ambas as grafias são possíveis, mas em circunstâncias distintas.
1. Bom dia é o cumprimento propriamente dito, o ato de cumprimentar.
"Bom dia, meu caro amigo!"
2. Bom-dia utiliza-se quando falamos do cumprimento. Frequentemente antecedido de artigo, a palavra é um nome.
"Já nem dizes bom-dia quando chegas?"
Aplica-se a mesmo regra a boa tarde/boa-tarde e boa noite/boa-noite.
E desejo a todas uma boa-noite, um bom-dia ou uma boa-tarde, em função da hora em que estiverem a ler esta mensagem.

ProfAP

Nota: No portal da língua portuguesa estão registadas as formas boa-tarde, boa-noite, mas não... bom-dia. Trata-se obviamente de um lapso!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Penacova e ainda o cor-de-rosa...

Na sessão que, com muito gosto, dinamizei em Penacova, uma colega interpelou-me acerca do facto de  ter encontrado a informação de que se pode escrever cor-de-rosa e cor de rosa.
Efetivamente, consoante as fontes, a regra varia: para uns, tem de ser cor de rosa; para outros, cor-de-rosa; e ainda há os que defendem que se pode optar por escrever com ou sem hífen, estando ambas as grafias corretas.
Vejamos o que diz o texto do Acordo na Base XV, ponto 6:
"Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa)."
Se a fonte direta refere, preto no branco, cor-de-rosa como exceção, para quê complicar o assunto?
Claro que o ideal seria eliminar as exceções, mas enquanto tal não acontecer, sigo o texto do AO: DEVEMOS ESCREVER COR-DE-ROSA!

Sonhos cor-de-rosa para todos!
ProfAP

P.s.: O Portal da Língua Portuguesa, cuja consulta aconselho sempre, também regista a locução com e sem hífen... Tal perspetiva derivaria do facto de em todos os outros casos o paradigma "cor de" não ter hífen. Mas é por isso que é uma exceção!
Por outro lado, o Portal também se equivoca em relação ao cor de vinho, quando dá a informação de que antes levava hífen:
Ortografia Antiga (1945)
Ortografia Antiga (1943)
Ortografia Nova
Notas
cor-de-vinho
cor-de-vinho
cor de vinho

 Recuemos então à norma de 1945 (Base 28):
"Estão assim em condições iguais às de todas as locuções do vocabulário comum, as quais (..)inteiramente dispensam este sinal, como se pode ver em exemplos de várias espécies: (...) 
b) locuções adjectivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho (casos diferentes de cor-de-rosa, que não é locução, mas verdadeiro composto, por se ter tornado unidade semântica);"

Conlusão: cor de vinho já não levava hífen!


impacto OU impacte?

Imagem encontrada AQUI.

Embora haja quem as distinga, considerando que o impacto é o choque propriamente dito, enquanto o impacte seria a consequência desse choque, as duas palavras (vindas ambas do latim impactu) têm o mesmo significado: choque, embate (tanto físico como psicológico). No entanto, pertencem, na perspetiva mais clássica, a diferentes classes de palavras: nome (impacte) e adjetivo (impacto, particípio passado do verbo impactar). É a fixação estabelecida por Rebelo Gonçalves, no Vocabulário da Língua Portuguesa, em 1966. No entanto, o uso tem consagrado impacto também como nome.
Conclusão: pode usar ambas as formas. Exemplo: impacte/impacto ambiental.
 
Abraço.
ProfAP

 

domingo, 6 de maio de 2012

A natureza no seu melhor: melros, patinhos e serpente

Natureza 1
Hoje, enquanto dava o passeio de domingo à tarde com as minhas cadelas na mata situada nas traseiras da casa, ao baixar-me para colher um suculento espargo selvagem, surgiu-me inesperadamente diante dos olhos esta magnífica obra de arquitetura: um ninho de melro! Em princípio, nos próximos dias, deverá vir a ter mais um ovo, uma vez que esta espécie protegida costuma pôr quatro ovos.
Continuarei a dar notícias sobre esta família alada. No entanto, o facto de o ninho, embora bem camuflado, estar a menos de um metro do chão não augura nada de bom...


Natureza 2
Nasceram ontem estes oito lindos patinhos, resultado do cruzamento entre um pato-real e uma pata-corredora-indiana. Como as patas não costumam chocar, a mãe por empréstimo foi uma galinha-da-índia. Mãe e filhos estão de ótima saúde.


Natureza 3
O que faltava à horta para ser o Jardim do Éden já não falta! A serpente que veem na imagem estava na casinha das ferramentas. De muito mau humor, não perdeu tempo a atirar-se a mim e a soprar furiosamente. Depois do susto inicial, consegui fazê-la entrar para o balde que está na imagem. Após a foto para mais tarde recordar (continuava muito maldisposta, mas ficou bem no retrato!), fui libertá-la no campo mais próximo.

E nada mais havendo a acrescentar, desejo-vos um bom resto de domingo!
ProfAP

sábado, 5 de maio de 2012

Petiscos contra a crise: fava fresca frita... Hum!

Supereconómico, extrafácil de confecionar e hipersaboroso!
(fotos tiradas na cozinha do "artista"...)

Fases de preparação

O ideal para este petisco são favas bem maduras. O seu sabor delicado em contraste com a forte personalidade da pimenta e a determinação da flor de sal resultam num aperitivo de se lhe tirar o chapéu.
Preparação:
1. Como na imagem 1., descasque as favas e retire a pele de cada bago.
2. Ponha as favas em azeite já quente e deixe fritar durante 8 minutos, mexendo de vez em quando.
3. Retire-as do azeite e ponha-as numa travessa em cima de guardanapos ou papel absorvente.
4. Enquanto estão estão quentes, polvilhe com duas pitadas: uma de flor de sal e outra pimenta preta.

Acompanhamento:
Mais favas e... cerveja bem fresca! Um rosé, um branco seco ou mesmo um espumante bruto também são hipóteses interessantes.

Tem dúvidas? Veja a foto em baixo, inspire-se e... prà cozinha! E contem como foi.

Bon appétit!
ProfAP



terça-feira, 1 de maio de 2012

Em bom português: E o plural de azul-claro é...

Fonte da imagem: AQUI.

Desafio:  Qual o plural de azul-claro?
a) azul-claro?        
                         b) azuis-claro?         
                                                     c) azul-claros?       
                                                                                d) azuis-claros?

Este é aparentemente um desafio com resposta simples. Sê-lo-á? Vamos ao nosso “romance”.

INTRODUÇÃO
Diz-se no Ciberdúvidas que “O plural dos nomes compostos é, por vezes, complicado e um tanto controverso. É, pois, difícil expor regras sendo todas definitivas. (…)
“Apesar de haver regras para formar o plural dos nomes compostos de dois substantivos ligados por hífen, há tendência para os pôr ambos no plural.(http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=3753)   A coisa promete!

CAPÍTULO I
Consultando a Nova Gramática do Português Contemporâneo (Celso Cunha e Lindley Cintra), pode ler-se, na página 253:
Plural dos adjectivos compostos.
Nos adjectivos compostos, apenas o último elemento recebe a forma de plural:
                          consultórios médico-cirúrgicos
                          institutos afro-asiáticos
                          letras anglo-germânica
Observação:
Exceptuam-se
a) surdo-mudo, que faz surdos-mudos;
b) os adjectivos referentes a cores, que são invariáveis quando o segundo elemento da composição é um substantivo:
uniformes verde-oliva   cenários amarelo-ouro
saias azul-ferrete         blusas vermelho-sangue
Notas minhas:
1. Para além de surdo-mudo, há outras exceções como trabalhador-estudante ou autor-compositor.
2. Várias outras fontes seguem a mesma orientação. É, por exemplo, o caso do blogue http://portuguesdeverdade.blogspot.pt/search/label/adjetivos%20compostos.
Pelo que fica exposto, parece inequívoco que o plural correto está na alínea c) azul-claros.
Assunto encerrado? Calma, calma, meus senhores! Quem disse que a língua portuguesa é simples? Passemos ao capítulo II.


CAPÍTULO II
1. Lance uma pesquisa com azul-claro no Portal da Língua Portuguesa e obterá esta informação:
Resultados da pesquisa
adjetivo

nome masculino


2. Clique em azul-claro adjetivo e lerá:
Masculino
Feminino
Singular
azul-claro
azul-clara
Plural
azul-claros
azul-claras
O assunto parece definitivamente encerrado… Passe ao ponto 3.

3. Clique em azul-claro nome e prepare-se...
singular
azul-claro
plural
azuis-claros
CONCLUSÃO:
Pode haver duas respostas:
a) Se for um adjetivo, a resposta certa é a c) azul-claros. Exemplo: Os meus olhos são azul-claros.
b) Se for um nome, a resposta correta é a d) azuis-claros. Exemplo: Os azuis-claros predominam na minha pintura.

Abraço para todos.
AP