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terça-feira, 3 de julho de 2012

.ter morto ou ter matado?

A.  Uma das minhas referências de eleição (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 441) é clara em relação a este assunto:
«De regra, a forma regular emprega-se na constituição dos tempos da voz activa, isto é, acompanhada dos auxiliares ter ou haver; a irregular usa-se, de preferência, na formação dos tempos da voz passiva, ou seja, acompanhada do auxiliar ser.»
O que é dito em relação a ser aplica-se também a estar, ficar e andar.
B. O Ciberdúvidas segue a mesma perspetiva.
C. Da aplicação da regra resultam, por exemplo: ter entregado/ser entregue; ter imprimido/ser impresso; ter aceitado/ser aceite; ter pagado/ser pago; ter absolvido/ser absolto; ter acendido/ser aceso; ter elegido/ser eleito; ter enxugado/ser enxuto; ter exprimido/ser expresso; ter expulsado/ser expulso; ter tingido/ser tinto; ter soltado/ser solto; ter frigido/ser frito.
CONCLUSÃO: ter matado/ser morto serão, então, as formas corretas. Também as formas apresentadas no parágrafo anterior são corretas e podemos usá-las sem reservas.
MAS…
São vários os verbos em que a forma irregular do particípio está a ser usada pela generalidade dos falantes a seguir a ter (ter pago, ter entregue, ter aceite, ter frito, etc.); também encontramos a associação ser+forma regular do particípio, como em ser absolvido ou ser tingido.
Muito interessante é o caso do verbo fingir, que já teve dois particípios operacionais: o regular (ter fingido) e o irregular (ser ficto, com o “c” pronunciado). O particípio irregular perdeu-se nas brumas do tempo e sobreviveu apenas como adjetivo descrito assim no dicionário:ficto (adjetivo): 1. em que há simulação ou fingimento 2. DIREITO assumido legalmente como verdadeiro (Do latim fictus, «modelado»)”
O MEU CONSELHO:
Aplique a regra enunciada em A. , mas se é professor(a)/educador(a), seja tolerante quando se confrontar com as situações referidas na rubrica “MAS…”.
Mais um caso a provar que a língua portuguesa é “levada da breca!”
 Até breve.
AP

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