A
espécie mais hifenizada cá da horta: o espinafre-da-Nova-Zelândia!
Começando por responder à pergunta, podemos dizer que
sim, mas pouco…
Os vocábulos compostos que designam espécies não
são referidos nem no Formulário de 1943 (Brasil) nem no Acordo de 1945
(Portugal). No entanto, a prática seguida era hifenizar a maior parte destas
palavras, aplicando uma regra geral (Base 28 do AO45) de redação bem
complicada:
“Emprega-se o hífen nos compostos em que entram,
foneticamente distintos (…), dois ou mais substantivos, ligados ou não por
preposição ou outro elemento, um substantivo e um adjectivo, um adjectivo e um
substantivo, dois adjectivos ou um adjectivo e um substantivo com valor
adjectivo, uma forma verbal e um substantivo, duas formas verbais, ou ainda
outras combinações de palavras, e em que o conjunto dos elementos, mantida a
noção da composição, forma um sentido único ou uma aderência de sentidos.”
A Base 46, 1º, do FO43, bem mais simples, ia no
mesmo sentido: “Nas
palavras compostas em que os elementos, com a sua acentuação própria, não
conservam, considerados isoladamente, a sua significação, mas o conjunto
constitui uma unidade semântica”.
Quanto ao Novo Acordo Ortográfico, introduz,
na Base XV, nº 3,
uma regra nova sem qualquer exceção: “Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e
zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento”.
Considerando os exemplos apresentados no texto, parece que todos os compostos nas
áreas da botânica e da zoologia, designem ou não verdadeiras espécies e
subespécies, são hifenizadas. Só assim se compreende a grafia feijão-verde (antes feijão verde).
CONCLUSÃO:
Usa-se sempre hífen em todas
as palavras compostas que identificam plantas (ou animais).
Mas, embora a regra seja
clara, os dicionários e o vocabulário do Portal da Língua Portuguesa continuam
a não a aplicar de forma plena, ignorando espécies que fazem parte do nosso dia
a dia ou apresentando-as de forma enviesada…
DESIGNAÇÕES
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VOCABULÁRIO PORTAL DA LÍNGUA PORTUGUESA
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DICIONÁRIO PRIBERAM
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DICIONÁRIO
INFOPÉDIA
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maçã-reineta
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Está na entrada “reineta”…
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Está na entrada “reineta”…
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Está na entrada “reineta”…
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pera-rocha
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NÃO TEM
A entrada “rocha” não remete
para a conhecida espécie…
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NÃO TEM
A entrada “rocha” não remete
para a conhecida espécie…
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NÃO TEM
A entrada “rocha” não remete
para a conhecida espécie…
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pêssego-careca
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NÃO TEM
Só regista pêssego…
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SIM
Estranhamente também
regista “pêssego careca” (sem hífen…)
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SIM
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pimenta-branca
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NÃO TEM
Mas regista pimenta-preta…
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NÃO TEM
Regista apenas pimenta d’água,
que não é uma espécie de pimenta…
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NÃO TEM
Mas regista pimenta-preta…
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O mesmo procedimento é seguido com a espécie pera-lambe-lhe-os-dedos (que já foi
abundante na zona de Sintra e do Oeste e hoje está quase extinta), que é
apresentada na entrada lambe-lhe-os-dedos
nas fontes de consulta portuguesas. Consultando o Vocabulário da Academia Brasileira
de Letras (que também regista pimenta-branca e maçã-reineta), lá está o verbete como deve ser: pera-lambe-lhe-os-dedos. Encontrei a
mesma grafia no Dicionário de Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo, de…1913!
Conselho final: para pesquisar designações de espécies botânicas
(e zoológicas), não perca tempo e vá diretamente ao instrumento de consulta
mais completo e fiável e entre no Vocabulário da Academia Brasileira de Letras (em http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23).
Abraço!
ProfAP
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