"O Novo Acordo Ortográfico passa a ter aplicação obrigatória em Portugal, com o termo, neste dia, do período de transição de seis anos, durante o qual a nova ortografia coexistiu com a anterior norma (a da Convenção Ortográfica Luso-Brasileira, de 1945), conforme determinava a proposta de resolução apresentada pelo Governo de Portugal em 2008. Esta proposta de resolução foi votada favoravelmente na Assembleia da República (Resolução 35/2008) e ratificada pelo Presidente da República ainda no mesmo ano (Decreto 52/2008). Mais tarde, o Aviso n.º 255/2010 do Ministério dos Negócios Estrangeiros português, identificaria a data de 13 de maio de 2009 como a da entrada em vigor da nova ortografia em Portugal e do começo do período de transição de seis anos que agora finda." In Ciberdúvidas.
SITUAÇÃO ATUAL:
PORTUGAL
|
Está
em vigor o AO90.
|
BRASIL
|
Estão
em vigor o FO43 e AO90. O período de transição terminará em 31/12/2015.
|
ANGOLA
|
Está em
vigor o AO45.
O
AO90 ainda nem foi aprovado pelo governo.
|
MOÇAMBIQUE
|
Está em
vigor o AO45.
O
AO90 aguarda ratificação pelo parlamento.
|
GUINÉ-BISSAU
S.
TOMÉ E PRÍNCIPE
CABO
VERDE
TIMOR-LESTE
|
Está em
vigor o AO45.
O
AO90 foi ratificado, mas a sua aplicação ainda aconteceu e as populações,
incluindo os professores, desconhecem as novas regras.
|
O
AO90 levará tempo a ser aplicado em todo o mundo lusófono. Provavelmente, muito mais do que se pensava, considerando a posição de
Angola, que exige alterações no documento para o vir a aprovar.
O
Novo Acordo Ortográfico é um bom documento para a língua portuguesa? As
opiniões extremaram-se:
a)
Para
uns, consegue-se uma efetiva simplificação das regras e uma única norma
para a língua portuguesa;
b)
Para
outros, é uma inqualificável ofensa à coesão da língua e à sua etimologia.
Na
minha opinião, documento não é tão bom como apregoam os seus defensores nem tão
mau como o pintam os seus oponentes.
PONTOS POSITIVOS:
.Pôs a língua portuguesa na ordem do dia. Nunca se
falou tanto de regras, acentos, hífenes e de maiúsculas e minúsculas.
.Conseguiu-se uma simplificação e sistematização do
uso do hífen, apesar de terem sido mantidas exceções que deveriam ter sido
eliminadas.
.Disponibilizaram-se excelentes fontes de consulta online:
em Portugal, o Portal da Língua Portuguesa com o Vocabulário Ortográfico do
Português ; no Brasil, a Academia Brasileira de Letras com o Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa.
PONTOS NEGATIVOS:
.O objetivo de conseguir uma única norma para
regulamentar a língua portuguesa parece utópico, dadas as enormes
diferenças que continuam a existir entre Portugal e Brasil. Nem as duplas grafias resolvem o
problema (cerca de 200 em Portugal e o triplo no Brasil).
.Pequenos desencontros entre Portugal e Brasil na
aplicação das novas regras, com leituras abusivas dos dois lados. O prefixo “co”
e a hifenização das locuções são exemplos disso:
- No Brasil, passou a
escrever-se COERDEIRO (algo que o AO90 não permite), enquanto em Portugal se escreve
CO-HERDEIRO. Antes, havia uma única grafia para os dois países: CO-HERDEIRO.
- Portugal criou duplas
grafias à revelia do que determina AO90. Assim, temos em Portugal
COR-DE-ROSA/COR DE ROSA, ARCO-DA-VELHA/ARCO DA VELHA, ÁGUA-DE-COLÓNIA/ÁGUA DE COLÓNIA
e PÉ-DE-MEIA/PÉ DE MEIA, enquanto no Brasil há uma única grafia para cada uma
destas palavras: COR-DE-ROSA, ARCO-DA-VELHA, ÁGUA-DE-COLÓNIA e PÉ-DE-MEIA.
.A forma pouco clara e por vezes descuidada como o documento foi redigido. Um exemplo gritante foi o erro
cometido no tratamento do prefixo “sub”.
NOTAS FINAIS:
1. A “traição” à etimologia
com a supressão das consoantes não pronunciadas “c” e “p”, sendo verdadeira,
vem na linha do que já tinha sido feito no Formulário Ortográfico de 1911 e que
o Brasil aprofundou em 1943. Dizem alguns que o desaparecimento do “c” poderá
levar ao fechamento da pronúncia de algumas vogais. Só o futuro o dirá...
2. A eliminação dos acentos desambiguadores também se limita a
aprofundar a lista de "defuntos" do AO45: côr/cor, êste/este, colhêr/colher, êle/ele,
bôla/bola, etc. Se alguma crítica se pode fazer a esta regra, é terem sido mantidas
algumas as exceções. Depois de ter sido eliminado a acento na forma verbal para, porquê mantê-lo em pôr e pôde (pretérito perfeito)?
3. O uso de minúscula nos meses e nas estações do ano (como já
acontecia com os dias da semana) já era prática na generalidade das línguas
latinas.
Abraço
e boa escrita com o FO43, AO45 ou o AO90!
ProfAP
Nenhum comentário:
Postar um comentário