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sábado, 16 de maio de 2015

Novo Acordo Ortográfico altera mais o português do Brasil?

Fonte: http://www.revistaport.com
“O português de Portugal vai deixar de usar o que chamamos de consoantes mudas. Porém, acho que as duas mudanças mais significativas para o português brasileiro representam perda maior, porque são ligadas à maneira com que os brasileiros pronunciam as palavras. É diferente do caso das consoantes mudas que não são pronunciadas”, afirmou Fiorin à Lusa.
O doutor em linguística referiu-se ao fim do uso do trema, que indicava quando a letra u deveria ser pronunciada após as letras q e g, e a queda do acento da base aberta dos ditongos ei e oi em palavras paroxítonas, como em ideia (que, sem o novo acordo, no Brasil seria grafada como idéia).
Fiorin realçou, no entanto, que as análises sobre o acordo não devem ser centradas em quem ganha mais ou quem perde mais, mas sim nos benefícios da unificação.
“Unificar a ortografia significa mostrar a radical vontade de exibir para o mundo a unidade que deve existir entre os países lusófonos. Qualquer consideração entre quem ganha e quem perde está fora de contexto”, disse.
Segundo o professor, o acordo já “está completamente implantado no Brasil” porque os jornais, revistas e livros já utilizam a nova ortografia e “não havia nenhuma necessidade” de se prorrogar o início da obrigatoriedade de 2013, como antes era previsto, para 2016, quando irá começar oficialmente.
As principais diferenças da antiga ortografia para a do novo acordo destacadas por brasileiros ouvidos pela Lusa são a mudança no uso do hífen e nas acentuações dos ditongos.
O Acordo Ortográfico foi ratificado pela maioria dos países lusófonos, à exceção de Angola e Moçambique. Em Angola ainda nem foi aprovado pelo Governo e em Moçambique aguarda a ratificação pelo parlamento.
Portugal e Brasil estabeleceram moratórias para a aplicação do acordo, estando prevista a entrada em vigor efetiva a 13 de maio e a 1 de janeiro próximos, respetivamente.
 
Angola ainda não deu “sim”
Em setembro passado, questionado pela Lusa, o ministro da Educação angolano, Pinda Simão, garantia que o país “está a trabalhar” sobre o novo acordo ortográfico da língua portuguesa e que no “devido momento” será tomada uma decisão, desconhecendo-se qualquer desenvolvimento neste processo desde então.
O português é a língua oficial em Angola, mas o país conta com seis principais línguas nacionais, muitas das quais acabaram por incorporar alguns conceitos e palavras, face à longa presença colonial portuguesa.
Num recente congresso sobre a língua portuguesa, realizado em Luanda, a ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva, afirmou que as línguas nacionais angolanas “com que convive” há quinhentos anos deram ao português a “pujança atual”.
“A língua portuguesa em Angola fez uma trajetória de afirmação do património partilhado, na medida em que desde esses primórdios até ao período mais crítico da sua história os angolanos transformaram-na na principal arma da sua luta contra o sistema opressor. E, por essa via, tornaram-na mais adequada aos contextos culturais do país. Se quisermos, tornaram-na [a língua portuguesa] mais bela”, reconheceu a ministra.
Apesar disso, Rosa Cruz e Silva afirma que devem ser colocadas “ao mesmo nível” as línguas nacionais e a língua oficial, tendo em conta que a “diversidade linguista do país constitui a sua grande riqueza”.

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