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- Destaco a preocupação que houve de informar o utilizador de que o guia se aplica ao Português Europeu.
- No capítulo “Consoantes Mudas”, em relação às duplas grafias, são apresentados, entre outros, os seguintes exemplos: infecção/infeção, infeccioso/infecioso e peremptório/perentório. Consultando o Portal da Língua Portuguesa, que é o órgão oficial do Acordo, no VOP (Vocabulário Ortográfico do Portuguesa), obtemos a informação de que infeccioso, infecção e peremptório não são aconselháveis em Portugal. Nos dois primeiros casos, há dupla grafia para o Brasil, enquanto que no terceiro, usa-se peremptório no Brasil e perentório em Portugal.
Nota: As duplas grafias são um dos pontos em que há divergência clara entre a Priberam e o Portal da Língua Portuguesa. Seria importante que as instituições ligadas à divulgação da língua portuguesa se pusessem de acordo, não se assumindo como detentoras exclusivas da “verdadeira” interpretação das regras. O utentes da língua (não especialistas) ficar-lhes-iam muito agradecidos. Pela minha parte, em caso de interpretações divergentes, adotarei sempre a perspetiva do Portal. - Na “Acentuação”, diz-se, na página 10, em relação ao pretérito perfeito do indicativo dos verbos da primeira conjugação, que “É facultativo o acento nas formas verbais terminadas em -ámos (verbos em -ar)”. Embora a justificação dada para tal opção tenha sentido (em relação à pronúncia desta terminação no norte do país e das ilhas) e seja essa a interpretação da generalidade dos guias, não seria tão taxativo, tendo em conta: a) O que diz o Ministério da Educação: “- As formas verbais como “parámos”, “ficámos” ou “dêmos” escrevem-se sem acento apenas nos países em que é essa a tradição. O mesmo acontece com palavras como “fôrma” (nome) e “forma” (nome e forma de 3ª pessoa do singular, no presente do indicativo, ou de 2ª pessoa do singular do modo imperativo, do verbo formar).” In Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, O que muda e o que não muda com o novo Acordo Ortográfico b) Este extracto de uma conferência (“O Acordo Ortográfico” dada online pela linguista Margarita Correia (divulgada no blogue no post de 29/10): “Casos em que se mantém o acento desambiguador: (…) Nós, de acordo com a norma do português de Portugal, nós fazemos uma distinção fonética entre a forma do pretérito perfeito amámos… é diferente de amamos, forma do presente, e portanto nós, digamos assim, no nosso caso, vamos manter essa acentuação, porque ela tem realização fonética. Acontece que no demais espaço da língua portuguesa esta diferença não existe e portanto no Brasil e nos demais espaços fica abolida esta acentuação gráfica.” A questão não é simples, mas considerando sobretudo o que diz Margarita Correia, diria que é aconselhável continuar a pôr o este acento distintivo, adotando, no entanto, uma postura tolerante a relação a quem não faça. Nota 1: Pelas razões acabadas de expor, entendo ser aconselhável manter também o acento distintivo no par dêmos/demos. Nota 2: Ao contrário de outros guias, não há qualquer referência a fôrma e forma. É um critério adequado, dado que, no nosso português, já não usávamos esse acento distintivo. Logo, esta regra tem em vista o uso da língua no Brasil.
A concluir:
É um guia interessante, com uma apresentação atrativa e uma linguagem simples. É feliz a ideia da rubrica "Sabia que...". Tem apenas o inconveniente de não seguir, nos pontos já referidos, o Portal da Língua Portuguesa.
Atribuir-lhe-ia uma classificação entre Bom e Muito Bom.
Nota final: É lamentável e intelectualmente condenável que o guia se centre exclusivamente nos recursos da Priberam, não fazendo qualquer referência ao Portal da Língua nem ao excelente recurso que é o conversor Lince.
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