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quinta-feira, 19 de junho de 2014

De volta ao equador - 1


Depois da experiência de voluntariado entre março e abril no sul de S. Tomé e Príncipe, (re)parto amanhã com a minha mais-que-tudo para uma semana de lazer e aprofundamento de conhecimentos sobre este pequeno país. Um dos dias será reservado para voltar a Porto Alegre e Malanza e rever professores, formandos e os meus amigos Leigos para o Desenvolvimento.
Depois de ter adquirido um dicionário com o montante obtido na venda de doces e legumes bio cá da horta, contactei o Departamento Internacional da Porto Editora, solicitando ajuda para ajudar o Centro de Recursos Educativos da escola de Porto Alegre. Recebi uma resposta simpática de adesão ao projeto e, 48 horas mais tarde, tinha em casa dicionários de português, francês e de verbos. Aqui fica o meu agradecimento público pelo gesto solidário da PE!
Como já tinha obtido uma autorização especial da Air S. Tomé para alargar o limite de peso da bagagem, está tudo a postos para a partida amanhã de madrugada. E ainda me sobrou algum peso para levar aos amigos Leigos uns miminhos para amenizar a dureza das condições em que trabalham: vinho tinto aqui da região, azeite, queijo, presunto, cerejas, feijão-verde e tomates cá da horta e mais alguma coisa que me ocorra e não necessite de refrigeração, pois não têm energia elétrica nem frigorífico.
Dentro da medida do possível, irei dando notícias das belezas naturais e das gentes das terras do equador!
Abraço.
António

domingo, 1 de junho de 2014

Voluntário em S. Tomé 13: Leigos para o Desenvolvimento - APRESENTAÇÃO

Tive a honra de tirar a foto oficial de 2013-14 dos Leigos em S. Tomé! 
Da esquerda: Francisco, Patrícia, Natacha, Nuno, Andreia e Catarina.

Concluída a formação na Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito do recém-criado “Mais Valia”, e tendo  entrado na bolsa de voluntários do projeto, parti para S. Tomé e Príncipe, onde fui integrado numa missão dos Leigos para o Desenvolvimento, organização que conhecia muito superficialmente. Com as informações que recolhi no terreno, escrevi o artigo que agora partilho.

A. Leigos para o Desenvolvimento – radiografia de uma ONGD portuguesa
Envolvimento, Desenvolvimento Responsável, Cooperação, Sustentabilidade
Os Leigos para o Desenvolvimento são uma associação sem fins lucrativos, reconhecida oficialmente como uma Organização Não Governamental de Cooperação para o Desenvolvimento (ONGD), criada a 11 de abril de 1986.
É uma associação católica e uma obra de inspiração Inaciana, fundada por um grupo de jovens leigos e pelo padre António Vaz Pinto.
Atualmente com projetos em Angola, Moçambique, Portugal e S. Tomé e Príncipe, os Leigos para o Desenvolvimento atuam nas áreas da Educação e Formação (formal, não formal e informal) e na Dinamização e Organização Comunitária, Empreendedorismo e Empregabilidade, Capacitação de Agentes Locais, Promoção do Voluntariado e Pastoral.
Baseada em princípios metodológicos de investigação-ação, associados ao desenvolvimento local e participativo, a atuação dos Leigos para o Desenvolvimento concretiza-se através de jovens voluntários que permanecem no terreno pelo período mínimo de um ano, privilegiando a relação, o conhecimento local e a simplicidade de meios, sendo assim criada a possibilidade do desenvolvimento integral e integrado de pessoas e comunidades.
Para além do tempo de missão, dos projetos e serviços desenvolvidos a associação é para os seus voluntários, uma “escola” de vivência intercultural, de respeito e valorização das diferentes culturas e de participação cívica.
Fonte privilegiada: www.leigos.org

B. Leigos para o Desenvolvimento no terreno – S. Tomé e Príncipe
1. Missão de Porto Alegre (onde estive a trabalhar)
Identificação
Formação
O que está a fazer
Andreia
26 anos
É de Oeiras
É o 2º ano que está em missão, depois de um 1º ano em Benguela
. Licenciatura em Estudos Africanos
.Mestrado em
Desenvolvimento e
Cooperação Internacional
.Acompanha dois grupos de mulheres (um trabalha na produção farinha de mandioca; o outro, na secagem de banana), visando a sua autonomia e autossustentabilidade.
.Está na formação profissional.
.Dá catequese com uma catequista local.
Pode ler o testemunho da Andreia AQUI.
Nuno
31 anos
É do Porto
Licenciatura em Engenharia do Ambiente
.Pós-graduação em Gestão Ambiental e Ordenamento do Território
.Acompanha a formação de professores em contexto (ao longo do ano letivo) e trabalha com o diretor da Escola de Porto Alegre.
.Orienta formação: de monitores de atividades de ocupação de tempos livres; em informática.
.Faz o acompanhamento da equipa do centro de recursos educativos (CRE).
.Dá catequese
Pode ler o testemunho do Nuno AQUI.
Francisco
37 anos
É do Porto
.Licenciatura em História, sendo oficial de justiça
Nota: Sendo o menos jovem dos LD em missão em S. Tomé, o Francisco tem a alcunha de “o avô”. Quando cheguei à missão, passei a ser o “bisa” (de bisavô)…
.É moderador do Grupo Comunitário que reúne várias entidades e grupos da comunidade (tarefa ciclópica!).
. Preside à “celebração da palavra”. Um ato em tudo idêntico à missa, mas onde não há oração eucarística (não há consagração eucarística presidida pelo sacerdote). Este ato é o recurso celebrativo na ausência de padre e é muito importante para a celebração comunitária da fé.
Patrícia
31 anos
Ílhavo (Aveiro)
Está pelo 2º ano na missão de Porto Alegre
.Licenciatura em Biologia
.Mestrado em Ecologia, Biodiversidade e Gestão de Ecossistemas
.Trabalha na área da biologia e investigação
.Acompanha a gestão da creche e intervém na área da pedagogia dos funcionários e educadoras de Porto Alegre e Vila Malanza, sendo responsável pela coordenação da construção e abertura da nova creche de Vila Malanza.
.Faz a gestão financeira dos Leigos para o Desenvolvimento em S. Tomé e Príncipe.
.Coordena o trabalho do coro da igreja das comunidades católicas.
Pode ler o testemunho da Patrícia AQUI.

Missão de S. Tomé (capital)
Identificação
Formação
O que está a fazer
Catarina
25 anos
É de Rabo de Peixe (S. Miguel, Açores)
É o 2º ano que está em missão, depois de um 1º ano em Porto Alegre
.Licenciatura em Psicologia
.Mestrado em Educação
.Está no lançamento da coesão social (no bairro da Boa Morte).
.Trabalha no empreendedorismo: levantamento de hipóteses no terreno de acompanhamento de negócios já estabelecidos.
. É a Representante dos Leigos para o Desenvolvimento em S. Tomé e Príncipe.
. Acompanha um grupo de catequese no Bairro da Boa Morte
Pode ler o testemunho da Catarina AQUI.
Natacha
30 anos
É do Porto
.Licenciatura em Farmácia
.Trabalha numa farmácia
.Trabalha com a escola do bairro da Boa Morte e com a respetiva diretora.
.Intervém na formação de jovens e no apoio e na ocupação de tempos livres de crianças.
. Acompanha um grupo de pastoral juvenil no Bairro da Boa Morte
Pode ler o testemunho da Natacha AQUI.

C. Conclusão:
Com um clima que não mata mas mói, à luz da vela e sem frigorífico, com escassez de recursos (a água para beber é fervida todos os dias num panelão…), não é fácil a vida dos membros da missão de Porto Alegre. No entanto, o que mais impressiona é a forma generosa e pedagógica como cada um destes jovens se entrega às suas tarefas e a visível alegria que daí resulta. O que é importante ali não são as ambições ou os projetos individuais. O que conta mesmo é estar disponível para trabalhar para e com o próximo.
Conhecer este grupo de pessoas e estar a viver com elas durante um mês foi um privilégio, uma lição! Comparado com o que recebi, o que dei no meu trabalho de voluntário foi muito pouco. Resta-me a esperança de ter sido uma gota no oceano, pois, nas palavras da Madre Teresa de Calcutá, “Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.
Ajudar os Leigos para o Desenvolvimento é ajudar a ajudar. Saiba o que pode fazer em http://leigos.org.

Abraço a todos, mas com especial carinho para os meus amigos Leigos!
António