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sábado, 16 de novembro de 2013

.meta-história ou metaistória?

Imagem encontrada AQUI.
 

1.       PORTUGAL
ANTES
O AO45 é omisso em relação ao assunto. Estava convencido de que a grafia em vigor era “meta-história”, pois nunca encontrei nem em dicionários nem nos documentos redigidos em português europeu disponíveis na internet a grafia “metaistória
No email que o Ciberdúvidas teve a gentileza de me enviar, Carlos Rocha deixa claro que a omissão do AO45 é colmatada por Rebelo Gonçalves, no seu Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (1947), ao incluir "meta-" entre os prefixos que não são seguidos de hífen e que se unem aos elementos imediatos, ficando estes intactos ou sendo alterados com a supressão de “h” duplicação de “r” ou “s”, etc.
Afirma Carlos Rocha: “É, portanto, legítimo concluir que a forma mais adequada à luz do AO 45 seria "metaistória", muito embora no período de plena vigência do referido acordo possa ter-se escrito em muitas publicações a forma "meta-história".
O dicionário Priberam segue esta perspetiva com a nota “Grafia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990: metaistória.” Já a Infopedia reconhece apenas “meta-história”.

ATUALMENTE
Não estando “meta-” nos casos especiais de hifenização (como acontece com circum-, pan-, ex-, híper-, etc), segue a regra geral, ou seja, o nº 1 da Base XVI, alíneas a) e b), que determina que só há hífen quando “o segundo elemento começa por h” ou “o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento”.

2.       BRASIL
ANTES
O Formulário de 1943 também é omisso em relação ao assunto, mas encontrei um elevado número de documentos brasileiros na internet com a grafia “meta-história”. Seria essa a grafia oficial? Não tenho a certeza nem possuo documentos que permitam esclarecer a dúvida.

ATUALMENTE
Pelo que expliquei anteriormente, a grafia só poderia ser uma: “meta-história”. Certo? E-rra-do!
Como os dicionários brasileiros disponíveis online que consultei não registam nem “meta-história” nem “metaistória”, recorri ao VOLP da Academia Brasileira de Letras. Nenhuma das palavras acima referidas lá está, mas encontrei o adjetivo “metaistórico”, o que me leva a concluir que a grafia válida no Brasil é “metaistória”.

CONCLUSÕES:
PORTUGAL
BRASIL
ANTES (1945)
ATUALMENTE
ANTES (1943)
ATUALMENTE
metaistória
meta-história
meta-história?
metaistória
Ou seja, em Portugal temos a grafia que era utilizada no Brasil, enquanto lá se está a usar a forma que tínhamos cá. Lindo serviço!

Abraço e bom fim de semana!
AP

4 comentários:

  1. "O AO muda as palavras (1,6% em Portugal e 0,5% no Brasil), mas não a pronúncia".

    Esses dados nunca foram confirmados e supostamente baseiam-se num vocabulário cerca de 3 vezes menor que alguns existentes. Quanto a não modificar a pronúncia, não será bem assim, nem ninguém tem fundamentação para dizer isso. É reconhecido, até por autores do AO90, que em Portugal muitas consoantes têm valor diacrítico, por muito que digam que não ou apresentem exemplos onde não têm (que claro que existem, chama-se coerência e valor etimológico, o que ainda nos vai ligando minimamente ao inglês, espanhol e francês). As coisas também não mudam de um dia para o outro, mas de geração em geração isso será visível caso isto continue, especialmente em determinadas palavras, algumas das quais até hoje em dia já são deturpadas.

    "e pretende SIMPLIFICAR A LÍNGUA e CRIAR UMA ÚNICA NORMA PARA A SUA REGULAMENTAÇÃO."

    Simplificar... para quem assim o acha. Para mim é estupidificar, analfabetizar, baixar o conceito de ortografia ao de ortofonia (o que faz uma língua entrar numa espiral sem fim de reformas anti-etimológicas cada vez que num determinada grafema uma consoante passe a ser insonora; isto para não falar de todas as outras questões - se se quer "simplificar", por que se mantem o hh inicial, o xx com 4 ou 5 valores fonéticos, o oo que se lê /u/, o ss que se lê /z/, o cc cedilhado etc.?).

    "A unificação das normas é utópica. Quanto à simplificação, justifica-se uma revisão do texto, expurgando-o de ambiguidades, incoerências e erros."

    Aqui, congratulo-o pela sensatez.

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  2. António,

    com todo respeito nunca vi a grafia 'metaistória' em lado nenhum. Sempre pensei que quando o segundo termo começa por 'h' deveria ser usado hífen.

    Neste caso parece-me que apesar de ficar tudo na mesma com o AO-90 é mais um caso em que os brasileiros não respeitam o acordado e aproveitam o acordo para divergir do português europeu. Outro exemplo disto é 'coerdeiro'.

    Pedro Oliveira Reis

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    Respostas
    1. A regra que refere em relação a haver sempre hífen antes "h" foi generalizada com o AO90. Uma boa decisão e muito útil, sobretudo para ensina e aprende a língua portuguesa. Assim, a "metaistória" passou à história em Portugal.
      Quanto ao que diz no segundo parágrafo, inteiramente de acordo.
      AP

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