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quinta-feira, 14 de abril de 2011

O novo português - explicação do novo acordo ortográfico em 17 minutos!

6 comentários:

  1. Eu acho que as pessoas que já estão abituadas vai ser mais dificil elas acertarem

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  2. A teoria da "adaptabilidade" é uma falsa questão. O "acordo" em questão vai contra toda o sentido da linguagem,da fonética e da fonologia em geral, e em particular da evolução da língua.

    O Prof. Malaca Casteleiro, que é mais entendido na sintaxe, meteu-se em ceara alheia. Não explicou ainda aos portugueses porque motivo há consoantes mudas nas palavras e qual a função que elas exercem no som das palavras. Nadando em tal ignorância, e deixando que os outros nadem nela, avança com a destruição da linguagem e da língua.

    Aos leitores coloco um simples exemplo para se darem conta do problema. Experimentem dizer em voz alta:
    1 - "RECTO" (cuidado, o C não se deve ler, pois é mudo);
    2 - Digam agora a mesma palavra segundo o novo acordo "RETO";
    3 - Agora, troquem o R por um P na palavra e digam: "PRETO".

    Notaram que o som do E em RETO e em PRETO é diferente? Pois é, é que a função do C mudo é abrir a vogal anterior.

    Portanto, caros recordistas, lançaram a discórdia entre a lógica das palavras que tinha sido fruto de uma longa evolução. Se querem o RECTO sem C digam-lhe o som E tal como dizem em PRETO...

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  3. Quanto à evolução da língua, analisem-se as alterações introduzidas em 1911 e ficamos conversados.
    latim/1910/1911: psalmu-psalmo-salmo; sicco-secco-seco; lucta-lucta-luta; herba-herva-erva; promptu-prompto-pronto; assumptu-assumpto-assunto; diphthongu-diphthongo-ditongo.
    E são milhares os exemplos em que, de uma assentada, a etimologia foi mandada às urtigas.
    No caso apresentado, se o e de RETO fechar... fechou! O importante é que o RETO propriamente dito não feche ;)
    Não temos o ditongo oi de DEZOITO pronunciado fechado no Norte e aberto no Sul? E não tínhamos ACTA (nome) e ATA (verbo) com pronúncia idêntica?
    Entendo o ponto de vista, ASCENDENS ASCENDENS, como entendo os protestos de muitos intelectuais e linguistas que em 1911 ficaram em estado de choque com a reforma ortográfico implementada nessa data (incluindo Fernando Pessoa). Mas garanto-lhe que "ceara" era e continua a ser com s...

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  4. Ant P,
    1 - Confunde “evolução” com mutação. Ou seja, a evolução da língua não é o percurso histórico da língua. Nesse caso a inclusão do W e do Y no alfabeto teriam de ser chamados involução. Pois refere a “reforma” 1910/1911 como evolução, quando ela hoje é tratada como um passo “abusivo”. A “evolução” da língua não pode contrariar a natureza da linguagem, tal como a ortografia não pode contrariar a fonética e fonologia… se se der contradição não falamos de evolução mas sim de erro;
    2 - A quantidade de novidades introduzidas com o início da república, e que provieram mais por objectivos de carácter ideológico e menos linguísticos, não determinam que anteriores ou posteriores mudanças tivessem sido correctas ou erradas. A quantidade de mudanças e o seguimento que levaram nada mais indicam que elas mesmas e são apreciáveis, reconsideráveis, revisíveis. Mesmo as mudanças legítimas, por existirem, não determinam que qualquer tipo de alteração possa ser feito independentemente da qualidade. Há que fazer aperfeiçoamentos sim, isso não está em causa… o que está em causa são determinadas mudanças do acordo são objectivamente erradas e entram em conflito com a fonética, fonologia, semiótica, enfim, contra a gramática.
    3 - Trata as excepções como regra. Ou seja, em aspectos de exepção e alargamento DENTRO da língua, dita que a única lei que tem de valer é não haver regra. E tudo poder ser exepção. Assim é o seu argumento de usos locais no norte e no sul.
    4 - A fuga ao problema. A reacção das pessoas que aderem e a reacção das pessoas que continuam aderidas ao que já antes era, não tem a mínima importância para esta questão. Esse é um “argumento” semelhante ao ponto 1, ambos fogem do problema científico para buscarem o “conforto” pragmatista. Por algum motivo este foi um “acordo” e não uma reforma. Por algum motivo o acordo de partes contou com CEDÊNCIAS de parte a parte (pois nos acordos existe partes) em vez de tratarem de dar solução a problemas da língua (e não os de fora da língua relativamente à língua). Já a reforma do início da república tinha feito o mesmo só que, dessa vez, sem haver duas partes no acordo…
    5 - É interessante que nenhum defensor do “acordo” passe de argumentos circunstantes, externos, recorrendo a argumentos como “já antes mudaram e por isso podemos mudar”, ou “os que não concordam é por não se adaptarem”, não entrando realmente no profundo do que é a ortografia, fonética e fonologia etc...

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  5. Caro Ant P, vamos ver se nos entendemos… a ortografia é representativa, ou seja, permite que pelas letras ou articulação de letras se representem não PALAVRAS (como diz o meu antigo professor Malaca Casteleiro), mas sim SONS, antes de tudo (ex: ai, zzz, glup, uhm, u…). As palavras (faladas) são formadas pela articulação de sons que a ortografia se dedica a representar. O Prof. Malaca Casteleiro SABE que tal é assim, pois ele não só organizou licenciaturas de português como conhecia esta matéria em causa… Ele sabe ainda, pois no tempo em que ele andou no Seminário do Fundão ainda lá se aprendia a antiga gramática, que o C mudo tem valor de assento em grande parte dos casos (sendo que as palavras que derivam daquelas outras devem manter a forma ortográfica da raiz mesmo que o C perca o tal efeito de assento) … Portanto, é a este nível que se deve falar, e deve partir-se daquilo que já se tem para poder melhorar, em vez de fazer acordos e se darem argumentos pragmatistas à crescente onda de ignorância académica.

    Agora sim, vale a pena concretizar:

    Em “RECTO” o “C” é mudo e existe para abrir a vogal anterior. Portanto, este engenho ortográfico tem por fundamento uma regra imprescindível da ortografia que é representar os sons da palavra. Acontece que foi acordado que tal palavra passe a ser escrita sem “C” sem acordarem fazer a mudança fonética correspondente. Portanto, passou a escrever-se uma coisa e a ler-se outra diferente do que está escrito. Ora tal “involução” só pode ser possível por um acordo mas não pela aplicação da razão ortográfica/fonética.

    Sou a favor de que as coisas que estão mal devam ser mudadas para bem e as que ainda não estão muito bem sejam melhoradas. Por isso sei que a língua não pode progredir com ACORDOS, mas sim, e apenas, com a adequação do uso da língua à razão das ciências “gramaticais” e segundo a natureza da linguagem humana.

    Mas em tudo isto há ainda consequências, e elas também são pragmáticas. Entre muitas, escolho aquela do leitor perante uma palavra desconhecida. A ortografia possibilita que um leitor aprenda o som de determinada palavra para até então para ele desconhecida lendo-a. Mas, com o ACORDO, o leitor ficará sem PODER saber a correspondência sonora que a ortografia mostra. E, voltando ao exemplo dado, RETO, segundo a correspondência fonética, lê-se RÊTO (tal como na grafia de “PRETO” o E soa fechado). Vão os inteligentes do futuro concluir que quando juntamos P a RETO o E muda de som (piada)?... Enfim… se durante décadas as escolas não ensinam ortografia a não ser à base de repetição da escrita de palavras (e a isso se devem os problemas ortográficos em geral), hoje a ortografia deixa de poder ser usada com a sua lógica de representar os sons das palavras apenas porque ACORDARAM que certas palavras não podem ser escritas da mesma forma porque as escolas não explicam as regras da ortografia/fonética.

    Enfim…

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    1. Caro ASCENDENS ASCENDENS:
      1. Confundo (e ignoro) certamente muitas coisas. Quanto à confusão entre “evolução” e mutação, não ma atribua, pois estava a ser irónico quando referi a reforma de 1911. Era uma provocaçãozita apenas…
      Quando diz que essa profunda alteração é hoje tratada como um passo “abusivo”, a única posição intelectualmente consistente para se opor à queda das consoantes c e p prescrita no NAO (ou pelo menos em casos como “reto”, ponto de partida para a nossa interação) será bater-se pela reparação do “erro” cometido em 1911, uma vez que afirma na sua resposta “2 - A quantidade de novidades introduzidas com o início da república, e que provieram mais por objectivos de carácter ideológico e menos linguísticos, não determinam que anteriores ou posteriores mudanças tivessem sido correctas ou erradas. A quantidade de mudanças e o seguimento que levaram nada mais indicam que elas mesmas e são apreciáveis, reconsideráveis, revisíveis.”
      2. Esclareço ainda que não sou “acordista” nem deixo de ser. Em função da minha atividade profissional, sou um divulgador crítico do texto do NAO. Se me perguntar se acho mesmo necessário este Acordo, honestamente terei de lhe dizer que não sei. Há no entanto um aspeto claramente vantajoso que facilita o uso e ensino da língua: a sistematização das regras do hífen. Havia casos em que não encontrava indicações que lhe permitissem decidir com segurança se hifenizava ou aglutinava, como com os prefixos micro e mini.
      O meu interesse pela Língua Portuguesa extrapola largamente o Acordo e vai muito para além da ortografia.
      3. A concluir, uma pergunta:
      Na frase “Assim é o seu argumento de usos locais no norte e no sul.” substituiu as minhas maiúsculas por minúsculas. O que o levou a fazê-lo? Veja o que é dito em relação ao assunto na Base 41 da Convenção Ortográfica de 1945:
      "41-Os nomes dos pontos cardeais e dos pontos colaterais, que geralmente se escrevem com minúscula inicial, recebem, por excepção, a maiúscula, quando designam regiões: o Norte do Brasil; os mares do Sul; os povos do Oriente; as terras do Levante; o Ocidente europeu; o Noroeste africano; a linguagem do Nordeste."

      O seu “norte” e “sul” estão nas exceções. Ou estarei a ver mal?
      Com os votos de um bom resto de fim de semana,
      António Pereira

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