Este é um desafio sem complicações e
com uma resposta 100% segura. No entanto a história da palavra não é
coincidente no universo da lusofonia.
1. Brasil (1943): Formulário Ortográfico, Base XII:
“Recebe acento circunflexo o
penúltimo o fechado do hiato oo, seguido, ou não, de s,
nas palavras paroxítonas: abençôo,
enjôos, perdôo, vôos, etc.”
2. Portugal (1945): Acordo Ortográfico, Base XXI:
“Ao passo que se emprega o
acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas em que um e tónico
fechado faz hiato com outro e, pertencente à terminação em,
prescinde-se desse acento nas formas verbais e nominais paroxítonas em que um o
tónico fechado faz hiato com outro o, final ou seguido de s. (…);
mas, sem acento circunflexo, abençoo,
condoo-me, enjoo, moo, remoo, voos.”
Um acento a separar os dois lados do Atlântico...
3. Portugal e Brasil (2009): Atente-se no texto
do Novo Acordo Ortográfico, Base IX (DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS PAROXÍTONAS):
“Prescinde-se igualmente do
acento circunflexo para assinalar a vogal tónica/tônica fechada com a grafia o
em palavras paroxítonas como enjoo,
substantivo e flexão de enjoar, povoo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão de voar,
etc.”
A terminação –oo(s) perde o acento em todos os países lusófonos.
Em Portugal, continuamos a
escrever da mesma forma (sem acento). Quanto ao Brasil, adeus acento! Este é um
dos casos em que são os brasileiros a alterar a sua escrita (num universo 0,5%
de alterações para eles e 1,6% para nós).
CONCLUSÕES:
Portugal
(norma luso-afro-asiática) e Brasil(norma brasileira)
voo
Notas:
1. Grafia vigente desde 1945 em Portugal e 2009 no Brasil.
2. O Formulário Ortográfico, adotado em Portugal em 1911, é omisso em
relação à acentuação ou não desta terminação (-oo). No entanto, um dos exemplos apresentados no texto em relação à
Base XLV (vogais consecutivas inseparáveis) é a palavra voo sem acento: “São igualmente inseparáveis duas vogais
consecutivas, formem ou não ditongo; ex.: ai po, cau sa, rai nha, proe mio,
goe la, poei ra, pro nún cia, voar, voo, á gua, moi
nho, é gua, i guais, con ti nua, con tí nua, fa mí lia, se ria, sé ria, rea
lidade, veí culo.”
Podemos
concluir que já não havia acento na palavra em Portugal em 1911? Não posso
garanti-lo, pois poderá tratar-se de uma gralha no texto…
|
Abraço.
APNova mensagem no http://portuguesemforma.blogspot.pt
Olá estimado António,
ResponderExcluirEu acho que no tempo do meu avô, a palavra voo, se escrevia com acento.
Voo, agora, para os brasileiros sem acento está ótimo. Devemos ser ambos a aceitar o Novo Acordo, mas, na mesma proporção, em minha opinião, mas sei que não é assim.
Obrigada distinto colega pelo seu comentário tão, ai... falta-me o adjetivo, talvez... tão senhorial, tão lírico e tão erudito.
Deixo-lhe um "cheirinho" de O' Neill.
HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM
Há palavras que nos beijam,
Como se tivessem boca
Palavras de amor, de esperança
Do imenso amor, de esperança louca.
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Boa noite, com luzes, luares, afetos e cumplicidades.
Beijos da Luz.
Boa noite, Senhora!
ResponderExcluirBj
AP
Bonjour,
ResponderExcluirÇa va?
O distintíssimo colega atá parece de Matemática: tão sucinto, tão resumido.
Já sei, ficou assim, quando mandava fazer o resumo do texto "X" ou ""Y".
Por que diremos, sempre, X ou Y?
Tenha um excelente dia.
Beijo da Luz.