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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

.rã-tomate OU rã tomate?


Esta rã, como quase todas as rãs, vive em charcos e pântanos e alimenta-se de insetos.
No entanto, tem duas particularidades: existe apenas na ilha de Madagáscar e tem uma cor (entre o laranja e o vermelho) que faz lembrar o tomate e serve de aviso aos predadores para que não tenham a tentação de ver nela um snack pronto a consumir…
Quanto à questão linguística, deve ou não haver hífen na designação do simpático anfíbio?

RESPOSTA:
A grafia correta é rã-tomate!
Esta é uma regra clara do AO90, BASE XV, nº 3:
Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas”.
Exemplos:
bem-te-vi-de-cabeça-cinza, macaco-prego-do-peito-amarelo, espinafre-da-nova-zelândia, feijão-mulatinho-de-sementes-graúdas.
Nota: Embora tanto o Formulário Ortográfico de 1943 (Brasil) como o Acordo Ortográfico de 1945 (Portugal) sejam omissos em relação a estes compostos, não tendo uma regra específica que se lhes aplique, a prática seguida (não sei se a 100%) já era hifenizar os nomes das espécies.

Abraço e bom resto de feriado (em Portugal).
AP
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sábado, 29 de novembro de 2014

Há uma palavra com CINCO grafias!


Agora que tanto se fala nas duplas grafias que Novo Acordo Ortográfico introduziu, sobretudo em Portugal (uma vez que elas já existiam no Brasil desde o Formulário de 1943), vale a pena olharmos para um caso único na língua portuguesa...
Tínhamos em Portugal situações raras de triplas grafias (como febra, fevra e fêvera). Com a entrada em vigor do AO90, passámos a ter um “penta”… nos dicionários! Quanto ao Brasil, fica como estava: apenas um “tri”...
 
Grafias
  Espaço geográfico
  deíctico   Portugal*
  deítico   Portugal*
  dêictico   Portugal e Brasil
  dêitico   Portugal e Brasil
  díctico   Portugal e Brasil
*Embora o Portal da Língua Portuguesa inclua na lista “Palavras afetadas pelo AOdeíctico e deítico como grafias usadas no Brasil, tanto o VOLP da Academia Brasileira de Letras como os dicionários brasileiros não as registam, pelo que se deve tratar de um lapso do Portal.

Mas afinal o que é um deíctico/deítico/dêictico/dêitico/díctico?
«Palavra cuja significação referencial só pode ser definida em função da situação, do contexto, do locutor e do recetor do ato de fala.» (Ciberdúvidas)
De uma forma mais chã, podemos dizer que este termo da área da linguística tem como objetivo a localização de uma realidade no tempo e no espaço sem a definir. Exemplos: este, esse, aquele, aqui, ali, aí, agora, hoje, ontem, amanhã, etc.
Enfim, perante tais complicações que a gramática tece, faço minhas as palavras do poeta: “Ler é maçada, estudar é nada./ O sol doira sem literatura.” (Fernando Pessoa)

De forma simples, deixo o meu abraço.
AP
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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

.coacção, coação ou co-acção?


O assunto de hoje surgiu na sequência de uma troca de impressões com um amigo no Facebook. A questão é interessante e concentra muita da polémica gerada à volta do AO90.
Os exemplos apresentados até poderiam representar o paradigma dos objetivos centrais do AO90: simplificar as regras e unificar as normas do português europeu e do português do Brasil...
Digo poderiam, pois há casos que a simplificação e a clareza das regras não foram conseguidas e situações pontuais em que Portugal e Brasil aplicam as novas regras de forma “desunificada”. Veja-se a situação referida mais abaixo em que usamos hífen no prefixo co- antes de h (co-herdeiro) e os brasileiros o aboliram em todos os casos (coerdeiro).

CONCLUSÃO:
Definição
Antes
Portugal
Antes
Brasil
Com o AO90
Port/Brasil
Ação conjunta
[co-+acção]
co-acção
co-ação
 
 
 
coação
 
Ato de coagir, impor algo contra a vontade
[do latim coactiōne-]
 
coacção
 
 
coação
Ação de coar, passar pelo coador
[coa(r)+-ção]
 
coação
Notas:
1. A queda das consoantes c e p não pronunciadas ocorreu no Brasil com o Formulário Ortográfico de 1943, Por razões etimológicas, Portugal optou pela manutenção dessas consoantes na Norma Ortográfica aprovada em 1945.
2. Com a aplicação do AO90, só há hífen a seguir a co- quando o segundo começa por h. Embora com lógica, mas à revelia do texto do Acordo, a Academia Brasileira de Letras decidiu que com co- nunca há hífen, seguindo o procedimento aplicado a palavras como coabitação (grafia anterior ao AO).

Abraço.
AP
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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

.bem feito, bem-feito ou benfeito?

1.bem feito
Não é uma opção válida, uma vez que ao contrário de mal (que só hifeniza antes de vogal ou h), bem tem uma relação de “unha com carne” com os hífenes. São inseparáveis!
 
2. benfeito
Adjetivo nascido do particípio passado do verbo benfazer.
No entanto, enquanto o vocabulário da Academia Brasileira de Letras regista este verbo, em Portugal, nem os dicionários nem o vocabulário do Portal da Língua Portuguesa o fazem. Logo, uso de benfeito está validado no Brasil, mas não em Portugal.
Nota: Considerando que o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (1977), de JP Machado, regista o verbo benfazer e encontramos na BASE XV do texto do AO90 a grafia benfeito, pareceria lógica a sua inclusão nos dicionários portugueses…

3. bem-feito
Particípio passado de bem-fazer, esta é uma grafia válida e de uso preferencial em todo o espaço lusófono.

CONCLUSÕES:
PORTUGAL
BRASIL
bem-feito
  bem-feito e benfeito
Nota: O VOLP da Academia Brasileira registava apenas benfazer na edição de 2009, tendo sido posteriormente acrescentada a forma bem-fazer. Quando lemos em blogues e sites brasileiros que, com o AO90, “benfeito substituiu bem-feito”, trata-se de uma informação incorreta, provavelmente baseada na versão original do VOLP (já corrigida).
Abraço.
AP 
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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

.bem haja OU bem-haja?

Mais um caso de hifenização infernizada! Embora o AO90 tenha introduzido um bom número de alterações nas regras de uso do hífen, neste caso, nada mudou. A “complicação” já vem das reformas de 1943 (Brasil) e de 1945 (Portugal).
Em Portugal e no Brasil, tanto BEM HAJA como BEM-HAJA podem ser usados, mas em contextos diferentes.

REGRA:
BEM HAJA! (exclamação)
BEM-HAJA (nome* masculino)
Exprime gratidão ou reconhecimento, equivalente a “obrigado!”
Forma de agradecimento, equivalente a “obrigado”.
DICA:
Não há artigo antes da exclamação:
BEM HAJA por tudo o que fez por nós!
DICA:
O nome é antecedido de artigo:
Um BEM-HAJA por tudo o que fez por nós!
*No Brasil, substantivo.

Abraço e bem hajam pela vossa amizade!
AP
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domingo, 12 de outubro de 2014

Mini-mamamaratona OU Minimamamaratona?


No dia que ocorreu, na cidade de Portimão, a Mamamaratona (como um alerta contra o cancro da mama), trago à vossa consideração uma questão linguística: está correta a grafia “Mini Mamamaratona” usada pela Associação de Atletismo do Algarve, uma das organizadoras do evento? Ou deveríamos optar por “Mini-mamamaratona” ou mesmo “Minimamamaratona”?
Aplicando ao elemento de formação de palavras mini- as regras de hifenização, o AO90 determina que, salvo alguns casos especiais, só há hífen quando o segundo elemento começa por h ou pela mesma letra com que termina o prefixo.
Concluímos que a grafia correta seria… Minimamamaratona.
Andou mal a Associação de Atletismo do Algarve, sobretudo porque, neste caso, o AO manteve as regras que aplicávamos com o Formulário Ortográfico de 1943 (Brasil) e com o Acordo Ortográfico de 1945 (Portugal).
Mais importante do que a falha linguística é o evento ter sido um sucesso!

Abraço.
AP
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sábado, 27 de setembro de 2014

.anti-nódoas ou antinódoas?

O "replente" até dói! Quanto ao "anti-nódoas", vamos ver...
 
É frequente encontrarmos oscilações, sobretudo nos anúncios de detergentes, entre as grafias “anti-nódoas” e “antinódoas”.
Como veremos no quadro seguinte, as dúvidas na aplicação das regras do hífen no caso de hoje nada têm a ver com o AO90. Trata-se de um desconhecimento que vem de longe…
 
QUANDO COLOCAMOS HÍFEN A SEGUIR A ANTI?
FO43 (BRASIL)
AO45 (PORTUGAL)
AO90 (PORT e BRAS)
Regra:
Hífen antes h, r, s.
Regra:
Hífen antes h, i, r, s.
Regra:
Hífen antes h ou i.
Escrevíamos:
ANTINÓDOAS
Escrevíamos:
ANTINÓDOAS
Escrevemos:
ANTINÓDOAS
Abraço.
AP
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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

salva-vidas, salva vidas OU salvavidas?


Neste caso, o AO90 nada altera em relação às regras anteriormente em vigor e determina, na Base XV, nº 1:
Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei (..); conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva.

Conclusão:
Sendo um composto verbo+nome com unidade de sentido (como conta-gotas, finca-pé e guarda-chuva), continuamos a escrever… salva-vidas!

Nota:
HÍFEN SIM!
HÍFEN NÃO!
O salva-vidas é um herói, pois
                   nome
salva vidas todos os verões!
verbo + complemento
              Usemos o colete salva-vidas!
                                      adjetivo
 

Abraço.
AP
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