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domingo, 30 de dezembro de 2012

.bolo-rei ou bolo rei?


Bom 2013 para todos!

A imagem veio dAQUI.
 
1. Sendo verdade que o Novo Acordo semirrevolucionou a hifenização, as alterações aplicam-se, sobretudo, às formações por prefixação (autoavaliação, coopção, minirrelatório…) e às locuções (pão de ló, fim de semana, dia a dia…).

2. Em relação às palavras compostas, sem elementos de ligação (como é o caso de hoje), nada de novo no reino da língua portuguesa! O AO retoma a regra consagrada pelo Formulário de 1943 (Brasil) e pelo Acordo de 1945 (Portugal): “Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, (...), arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, (…) guarda-chuva.” (Nº 1 da Base XV do NAO)

Havendo unidade semântica na adição bolo+rei, neste Natal, a tradição vai continuar a ser o que era: bolo-rei, embora sem brinde nem fava…

Abraço português para todos os lusofalantes com votos de uma entrada feliz em 2013!
AP

sábado, 29 de dezembro de 2012

.VGM defende suspensão do acordo…

Presidente do Centro Cultural de Belém defende uma renegociação com os restantes países e diz ser “delirante” manter  acordo quando o Brasil o empurrou mais três anos.


Vasco Graça Moura defende a suspensão do acordo ortográfico. É a reacção de uma das vozes mais críticas a esta medida, depois de o governo brasileiro ter anunciado o adiamento da aplicação obrigatória do acordo para Janeiro de 2016.
Em declarações à Renascença, o presidente do Centro Cultural de Belém defende a suspensão do acordo em Portugal e uma renegociação com os restantes países.
“O Brasil vai rever o acordo, portanto é completamente delirante nós ficarmos para trás. Agora vamos ter três grafias: a brasileira actual, a africana, porque Angola mantém e muito bem as regras ortográficas que estão em vigor e não as do acordo, e a portuguesa, que é uma coisa sem pés nem cabeça”, critica Vasco Graça Moura.
“Penso que vai ter de acontecer forçosamente a suspensão da resolução do conselho de ministros de 2009 e que se volte a permitir a forma, negociando entretanto a revisão do acordo com os outros países”, defende.   
As críticas reiteradas de Vasco Graça Moura ao acordo ortográfico no dia depois de o Governo brasileiro anunciou o adiamento da aplicação obrigatória da medida até Janeiro de 2016.
Data: 29/12/2012 *** Fonte:

Comentário:
É conhecida a posição de VGM sobre o Novo Acordo Ortográfico. Enquanto cidadão (em nome individual e não como Presidente do CCB), tem todo o direito de a ter. No entanto, há alguns pontos a pôr nos is:
1. O Brasil não suspendeu o AO, tendo tomado a decisão de adiar a obrigatoriedade da sua aplicação, prolongando o período de transição até 31/12/2015. Em Portugal, o fim dessa transição está previsto para maio de 2015.
2. Dizer que “O Brasil vai rever o acordo, portanto é completamente delirante nós ficarmos para trás.” é muito interessante, se tivermos em conta que as alterações que os brasileiros querem introduzir vão no sentido de o AO ir mais além na simplificação da língua (com referiu Marcelo Rebelo de Sousa, no último domingo, no seu habitual comentário na TVI), o que está longe de corresponder às posições críticas que VGM tem assumido. Do lado cá do Atlântico, acha-se que se foi longe de mais; d lado de lá, entende-se que não se foi suficientemente longe...
Embora não partilhe as opiniões de VGM, espero que esta seja uma boa oportunidade para dar uma estocada nalgumas trapalhadas que o AO introduziu (no pontos cardeais, por exemplo) e pôr em sintonia os vocabulários do Portal da Língua Portuguesa e da Academia Brasileira de Letras.

Transcrevo a notícia de ontem sobre o adiamento da aplicação plena do AO no Brasil:
Brasil adia acordo ortográfico para 2016
O Governo brasileiro adiou hoje a aplicação obrigatória do novo acordo ortográfico em três anos, para 1 de Janeiro de 2016, de acordo com o decreto publicado no "Diário Oficial da União".
Até então, o decreto promulgado em 2008 previa a aplicação obrigatória das novas regras em Janeiro de 2013, já na terça-feira.
A iniciativa do adiamento surgiu após um pedido de parlamentares da Comissão de Educação do Senado, que ouviram, numa audiência pública, as críticas de destacados linguistas brasileiros às novas regras.
Como não havia tempo útil para a aprovação de um projecto parlamentar, a saída foi negociada com o Governo, disse à Lusa o senador Cyro Miranda no início do mês.
Desde Janeiro de 2009, quando começou oficialmente a adesão do Brasil ao acordo, o uso da nova grafia é opcional, e vai continuar a ser até 31 de Dezembro de 2015.
O adiamento, defendido por parlamentares e linguistas, está a gerar polémica entre educadores e alunos que já estão a adoptar as novas regras.
Para os especialistas, como o linguista e professor brasileiro Ernani Pimentel, o adiamento é um primeiro passo para a reforma do Novo Acordo que, na sua opinião, não simplifica suficientemente a língua portuguesa.
Data: 28/12/2012 *** Fonte:

Abraço e bom fim de semana!
AP

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

.secção ou seção?

Fonte da imagem: AQUI.
 

Chegou-me ao email o documento sobre a Avaliação de Professores “Questões e Respostas” do DGAE (departamento do Ministério da Educação de Portugal). O objetivo dos seus autores seria escrever o documento segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico.
Para além do “arcaísmo” auto-avaliação, que perdeu o hífen, destaco o uso repetido de seção/seções (nas perguntas 19, 22 e 25). Falha surpreendente e quase imperdoável, considerando que é cometida por quem deveria ser um modelo na aplicação de regras…
Trata-se de uma aplicação incorreta do ponto 1. c) da Base IV do NAO: “Conservam-se ou eliminam-se facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento”. Em secção, o c é inequivocamente pronunciado. Consultando os dicionários portugueses e o Vocabulário do Portal da Língua Portuguesa, lá está, preto no branco: secçãoàPortugal e seçãoàBrasil. Na grafia desta palavra não houve nenhuma alteração, mantendo-se o que estava em vigor desde 1943 (Brasil) e 1945 (Portugal).
A mesma situação se passa, por exemplo, com as palavras aspeto e aspecto; dicção e dição; facto e fato; corrupto e corruto, em que há dupla grafia para o Brasil, mas apenas uma para Portugal (assinalada a azul).

CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática) 
secção
Brasil (norma brasileira) 
seção e secção
Nota: Embora seção pareça ser mais comum, segundo os dicionários e o Vocabulário da Academia Brasileira de Letras, é igualmente correta a escolha de secção.

Abraço.
AP

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Bom Natal para todos!

Fonte da imagem: AQUI.

Festas felizes para todos os lusofalantes. Com amor no coração e os olhos postos num futuro melhor!
Annio Pereira

sábado, 22 de dezembro de 2012

.pára-quedas, para-quedas ou paraquedas?

       Fonte da imagem: AQUI.

Mais um caso espantoso! Aqui, o imbróglio resulta da aplicação “à la carte” do Novo Acordo Ortográfico.

A. O que diz o texto do Novo Acordo
Base XV, Obs.: “Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.
“Então, o caso está encerrado: paraquedas!” – Dirá, sem pestanejar, o meu caro leitor…
Calma, calma… O que acaba de ler não é o fim da viagem. É apenas o ponto de partida...

B. O que regista a Academia Brasileira de Letras
paraquedas
“Então o caso não está encerrado, Sr. AP?” – Insistirá o leitor amigo.
Como disse há pouco, a nossa viagem não é assim tão linear…

C. O que diz o Portal da Língua Portuguesa (Portugal)
paraquedas… e… para-quedas!
Perante o espanto do leitor, devo recordar que avisei duas vezes…

D. O que dizem os dicionários
Portugal
Infopédia: paraquedas… e… para-quedas / Priberam: paraquedas
Brasil
Aulete e Houaiss: paraquedas
O leitor continua mudo…

Comentário:
O Novo Acordo Ortográfico tem (tinha? teve?), entre outras, duas finalidades: simplificar e unificar. No caso de hoje, sendo as palavras paraquedas e paraquedista apresentadas no texto do NAO como exemplos de compostos a grafar aglutinadamente, houve umas “cabecinhas pensadoras” que resolveram complicar em Portugal o que parecia claro. Numa resposta como consultor do Ciberdúvidas, D´Silvas Filho (que muito aprecio), em 19/03/2010 (AQUI), embora entenda que, por analogia com outros compostos com para- (ex.: para-brisas, para-raios), se possam propor como grafias alternativas para-quedas, para-quedista e para-quedismo, diz, em relação à decisão do Portal da Língua Portuguesa de incluir estas formas hifenizadas: “penso que deveria ter sugerido estas soluções unicamente como «alternativas não preferenciais», não como variantes ortográficas.

Partamos agora para as conclusões que é possível apresentar a partir deste admirável mundo de perspetivas não coincidentes…

CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática)
 
paraquedas (no respeito estrito pelo texto AO) e para-quedas (porque o Portal da Língua Portuguesa apresenta a palavra como variante)
Brasil (norma brasileira)
 
apenas  paraquedas
Nota: Sempre sem acento, pois a generalidade dos acentos desambiguadores caiu com o NAO.

Abraço e bom resto de sábado!
AP

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

.Ontem, dançámos ou dançamos?

Esta é uma das áreas em que o Novo Acordo não é pacífico para o português europeu. Se a maior parte dos guias e linguistas considera que a acentuação da 1ª pessoa do pretérito perfeito dos verbos da 1ª conjugação (os que terminam em –ar) é facultativa, outros há (como Margarita Correia do ILTEC) que entendem que o acento se deve manter em Portugal.
Embora já tenha seguido a perspetiva de Margarita Correia, considerando o que se diz sobre o assunto no Portal da Língua Portuguesa (órgão oficial do AO) e que há um fechamento da pronúncia nalgumas zonas geográficas (como o Brasil e o norte de Portugal), justifica-se a facultatividade deste acento distintivo, sob pena de estarmos a discriminar uma parte da realização fonética da língua.

CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática) e  Brasil (norma brasileira)
O acento na 1ª pessoa do pretérito perfeito dos verbos da 1ª conjugação (terminados em –ar) é facultativo. Assim sendo, dançámos ou dançamos!

Abraço e boas danças!
AP
P.s.: Fonte da imagem: AQUI.

domingo, 16 de dezembro de 2012

.anti-aderente, antiaderente ou anti aderente?

A frigideira já era e continua a ser... antiaderente!

Para a pergunta que uma internauta me endereçou, a resposta é, para todos os países lusófonos, antiaderente!
A. Já era assim pelas regras de 1945 (1943 no Brasil): “Emprega-se o hífen em palavras formadas com (…) com os prefixos anti, arqui e semi, quando o segundo elemento tem vida à parte e começa por h, i, r ou s (…).
B. As regras do Novo Acordo reforçam o não uso de hífen em antiaderente, uma vez que só se hifeniza: a) quando a letra inicial do segundo elemento é igual àquela com que termina o prefixo: anti-ibérico; b) se o segundo elemento começar por h: anti-histamínico.
Nota: A aplicação do AO contribuiu para o desaparecimento de um elevado número de hífenes. São raros os casos em que acontece o contrário. Exemplo: microondas (antes) à micro-ondas (agora).

Abraço.
AP
P.s.: Fonte da imagem: AQUI.

sábado, 15 de dezembro de 2012

.Notícias da galinha Benny!

Aqui está a Benny (branca e preta, em primeiro plano) com uma amiga e o seu galo!

A pedido de várias famílias, aqui deixo notícias do pinto nascido há uns meses na Escola Secundária de Ferreira Dias (no Cacém, junto a Lisboa), no âmbito de uma experiência na disciplina de Biologia. Chocado numa estufa, o “infante” galináceo sobreviveu graças aos mimos e cuidados extremosos da D. Cristina, funcionária do segundo piso.
Hoje, galinha feita, a Benny já põe e está integrada no bando principal da capoeira com mais sete companheiras e um lindo galo. Excelente rácio, considerando o que dizem os especialistas na matéria: um galo para doze galinhas.

Abraço e bom fim de semana!
AP

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

100 000 visitas!

Fonte da imagem: AQUI.
Vindos de 100 países, chegaram ao blogue 100 000 cliques! Dois anos de trabalho feito com muito prazer e dedicação são compensados pela vossa passagem por aqui, sobretudo Portugal (54%), Brasil (33%), Estados Unidos (8%), Bélgica (1,5%), África lusófona (1,1%) e Alemanha (1%).
A todos em geral e em particular aos 81 seguidores, o meu obrigado e a promessa de continuar a pesquisar e a partilhar conclusões. Espero, acima de tudo, ser útil.

Abração.
AP

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

.Novo Acordo: confusão à vista?

Bagão "Governo quis ser mais 'acordês' do que o acordo, agora é a confusão"
 
Após o Brasil ter anunciado a intenção de adiar para 2016 a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, o ex-ministro das Finanças Bagão Félix, volta a atirar farpas ao Governo com refinada ironia, acusando-o, num artigo de opinião publicado esta quarta-feira no Jornal de Negócios de ser “mais ‘acordês’ do que o acordo”, pelo que “agora está instalada a confusão”.
 
O Executivo português ratificou o novo acordo ortográfico em 2008, sendo que estava previsto que o Brasil o fizesse ao abrir do pano de 2013. Porém, o país irmão do outro lado do Atlântico decidiu agora recuar nessa intenção, alegando um senador brasileiro que “o acordo é uma colcha de retalhos e está muito confuso”, cita o economista Bagão Félix num artigo de opinião que assina hoje no Jornal de Negócios.
O responsável considera, neste contexto, que “cá, o Governo na altura da ratificação (2008) quis ser mais ‘acordês’ do que o acordo, tendo determinado a sua aplicação apressada no sistema educativo e em todas as entidades públicas”. Agora, prossegue o ex-ministro, “está instalada a confusão”. Até porque também Angola ainda não aprovou o acordo.
Desta feita, salienta o economista em tom crítico, “em vez de nos preocuparmos em combater a indigência gramatical que se vai tornando a norma, acelerámos a entrada em vigor de um acordo que empobrece a língua portuguesa optando pela unicidade da estúpida prevalência do critério fonético” e aqui abre um parêntesis questionando “por que razão o h não foi às malvas”.
Ao longo do texto, Bagão Félix, sempre sob o chapéu do acordo ortográfico, procede também a alguns trocadilhos, nomeadamente com a União (ou falta dela) Europeia, ou com o actual Executivo.
Data: 12/12/2012                                                                             Fonte:
COMENTÁRIO:
Que o Acordo é, nalgumas áreas, uma trapalhada, é! No entanto, quando se diz que Portugal se antecipou ao Brasil... não corresponde à verdade. O Acordo entrou em vigor em 13 de maio de 2009 em Portugal (terminando o período de transição em 2015), enquanto no Brasil isso aconteceu em janeiro de 2009. O que estava previsto era que o período de transição no Brasil terminasse no primeiro dia de 2013. Contrariamente ao que defende Bagão Félix, Portugal nunca foi mais "acordês" do que o acordo, pois foi sempre o Brasil a liderar o processo.
Abraço.
AP

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

.Brasil adia entrada em vigor do Novo Acordo?

Governo brasileiro prepara decreto para adiar acordo ortográfico para 2016

Imagem: AFP/Frank Perry
O novo acordo ortográfico foi introduzido nas escolas portuguesas no ano letivo de 2011/2012
 
Segundo o que acabo de ler, no Brasil, o Novo Acordo não entra em vigor no próximo dia 1 de janeiro, prolongando-se o período de transição até 2016. Em Portugal, a aplicação plena está prevista para maio de 2015.
Espero que se aproveite este tempo extra, sobretudo em dois domínios:
a) Para desatar os nós górdios que ornamentam aqui e ali o texto do AO;
b) Para criar um Vocabulário Comum fidedigno (previsto para 2014) que acabe com divergências incompreensíveis entre os Vocabulários disponíveis online: o do Portal da Língua Portuguesa e o da Academia Brasileira de Letras (com muito mais entradas, apesar de se tratar da mesma língua…).
Aqui deixo a notícia, com data de 7 de dezembro:
 
O senador Cyro Miranda, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB-GO), anunciou que a Presidente do Brasil, Dilma Roussef, está a preparar um decreto que adia a entrada em vigor do novo acordo ortográfico (AO) naquele país para 2016. O acordo é aplicado nas escolas portuguesas desde 2011.
Fonte da assessoria do Ministério de Relações Exteriores brasileiro avançou aos meios de comunicação locais que a pasta está a preparar um decreto que será apresentado à presidente Dilma Rousseff e que tem o intuito de protelar a entrada em vigor do novo AO, escreve o Jornal do Brasil.
O acordo, assinado em 2008 por sete países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), e que pretende simplificar as regras ortográficas e aumentar o prestígio da língua no cenário internacional, deveria ser aplicado pelo governo a partir de 1 de janeiro de 2013, ditavam as normas estabelecidas pelos países.
O senador de Goiás, Cyro Miranda, um dos mais acérrimos críticos do novo acordo, confirma que a presidente Dilma Rousseff tem a intenção de emitir um decreto que adia a data.
Cyro Miranda acrescenta que o ideal seria adiar a vigência para 2018 ou fazer um outro acordo que tenha a contribuição de mais setores da sociedade.
“Para além do novo acordo ter sido mal feito, os professores ficaram de fora”, disse. “Precisamos de rever tudo. Temos que descomplicar a língua, se não vai ser só retórica... Temos que aprovar um formato com lógica”, disse Cyro Miranda, citado pela Agência Brasil.
O senador afirma que governo brasileiro vai sugerir aos outros países que adiem a vigência do novo AO para que todos possam fazer uma total reformulação. 
As mudanças nas regras da língua portuguesa foram elaboradas para uniformizar a grafia dos países que utilizam o idioma e dos oito membros da CPLP apenas Angola não aderiu ao documento.
O novo AO foi introduzido no sistema educativo português em 2011. A 1 de janeiro de 2012, órgãos, serviços, organismos e entidades governamentais adotaram oficialmente a nova grafia. Nuno de Noronha                                                                       
Fonte:

Nota minha: Está previsto que Angola ratifique Acordo Ortográfico em 2013, devido à necessidade de incluir o vocabulário nacional no da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Abraço e bom fim de semana!
AP

sábado, 1 de dezembro de 2012

Depois do Acordo: bilingue ou bilíngue?

Fonte da imagem: AQUI.
 
Mais um caso interessante e complicadinho em que Portugal e Brasil, embora partilhando o Atlântico, navegam em águas não totalmente convergentes.

A. BRASIL
Na fase de transição, os falantes brasileiros ainda vão poder continuar a escrever bilíngüe. Em 1/1/2016, a norma determina uma única grafia válida: bilíngue!

B. PORTUGAL
Para nós, a fase de transição termina apenas em maio de 2015 (em Angola e Moçambique ainda nem começou…). No entanto, em relação ao assunto de hoje, o Novo Acordo não alterou nada.
1. Enquanto no Brasil o trema (¨) só caiu com o Novo Acordo Ortográfico (embora em 1971 tenha sido retirado de alguns hiatos como em saudade, manteve-se nos grupos qu e gu , como em agüentar e bilíngüe), no português europeu, o Acordo de 1945 aboliu-o definitivamente.
2. Embora Cândido de Figueiredo, no seu Dicionário de Língua Portuguesa de 1913, registe apenas bilingue, a leitura Base 27 do Acordo Ortográfico de 1945 parece indiciar que escrevíamos bilíngüe até essa data.
3. Num artigo do Ciberdúvidas (AQUI), que também parece confirmar a grafia bilíngüe até 1945, o colaborador D'Silvas Filho diz que “segundo Rebelo Gonçalves, válidas as duas variantes gráficas bilingue ¦gg_e¦ (letra u muda) e bilíngue ¦gu-e¦ (u pronunciada e palavra esdrúxula aparente).” No artigo não é identificada a obra de Rebelo Gonçalves que valida a dupla grafia bilíngue/bilingue, mas deverá tratar-se de uma destas duas: Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (1947) ou Vocabulário da Língua Portuguesa (1966). Não posso confirmar, pois são obras esgotadíssimas e, infelizmente, não possuo nenhuma delas.

Assim, temos em Portugal uma dupla grafia (em função da forma como pronunciamos), confirmada, de forma taxativa, por esta resposta do Ciberdúvidas, datada de 1997:
[Pergunta] Faz algum sentido que «bilingue» leve acento? (Duarte Viana:::: Lisboa, Portugal)
[Resposta] Bilingue pode levar acento, porque se admitem estas duas pronúncias:
a) grave: bilingue /bi-lin-gue/;
b) esdrúxula: bilíngue /bi-lín-gu-e/.
N.E.: bilingue, palavra esdrúxula com o u pronunciado, admite a variante bilingue, como vocábulo grave e com o u sem se ouvir. J.N.H./ A.P.:: 01/07/1997

CONCLUSÕES:
Portugal
bilingue e bilíngue
Nota: multilingue/multilíngue, plurilingue/plurilíngue e trilingue/trilíngue.
Brasil
apenas bilíngue
Nota: o u é pronunciado.

Abraço.
AP

P.s.: Hoje, 4/12, foi publicada no Ciberdúvidas uma resposta que confirma as conclusões apresentadas nesta mensagem. Pode lê-la AQUI.