Presidente do Centro Cultural de Belém
defende uma renegociação com os restantes países e diz ser “delirante”
manter acordo quando o Brasil o empurrou
mais três anos.
Vasco Graça Moura defende a suspensão
do acordo ortográfico. É a reacção de uma das vozes mais críticas a esta
medida, depois de o governo brasileiro ter anunciado o adiamento da aplicação
obrigatória do acordo para Janeiro de 2016.
Em declarações à Renascença, o
presidente do Centro Cultural de Belém defende a suspensão do acordo em Portugal
e uma renegociação com os restantes países.
“O Brasil vai rever o acordo, portanto
é completamente delirante nós ficarmos para trás. Agora vamos ter três grafias:
a brasileira actual, a africana, porque Angola mantém e muito bem as regras
ortográficas que estão em vigor e não as do acordo, e a portuguesa, que é uma
coisa sem pés nem cabeça”, critica Vasco Graça Moura.
“Penso que vai ter de acontecer
forçosamente a suspensão da resolução do conselho de ministros de 2009 e que se
volte a permitir a forma, negociando entretanto a revisão do acordo com os
outros países”, defende.
As críticas reiteradas de Vasco Graça
Moura ao acordo ortográfico no dia depois de o Governo brasileiro anunciou o
adiamento da aplicação obrigatória da medida até Janeiro de 2016.
Data:
29/12/2012
*** Fonte:
Comentário:
É conhecida a posição de
VGM sobre o Novo Acordo Ortográfico. Enquanto cidadão (em nome individual e não
como Presidente do CCB), tem todo o direito de a ter. No entanto, há alguns
pontos a pôr nos is:
1.
O Brasil não suspendeu o AO, tendo tomado a decisão de adiar a obrigatoriedade
da sua aplicação, prolongando o período de transição até 31/12/2015.
Em Portugal, o fim dessa transição está previsto para maio de 2015.
2.
Dizer que “O Brasil vai rever o acordo, portanto é completamente delirante nós
ficarmos para trás.” é muito interessante, se tivermos em conta que as
alterações que os brasileiros querem introduzir vão no sentido de o AO ir mais além na simplificação da língua (com referiu Marcelo Rebelo de Sousa, no último domingo, no seu habitual comentário na TVI), o que
está longe de corresponder às posições críticas que VGM tem assumido. Do lado cá do Atlântico, acha-se que se foi longe de mais; d lado de lá, entende-se que não se foi suficientemente longe...
Embora não partilhe as opiniões de VGM, espero que esta seja uma boa oportunidade para dar uma estocada nalgumas trapalhadas que o AO introduziu (no pontos cardeais, por exemplo) e pôr em sintonia os vocabulários do Portal da Língua Portuguesa e da Academia Brasileira de Letras.
Transcrevo
a notícia de ontem sobre o adiamento da aplicação plena do AO no Brasil:
Brasil adia acordo ortográfico para 2016
O Governo brasileiro adiou hoje a
aplicação obrigatória do novo acordo ortográfico em três anos, para 1 de
Janeiro de 2016, de acordo com o decreto publicado no "Diário Oficial da
União".
Até então, o decreto promulgado em
2008 previa a aplicação obrigatória das novas regras em Janeiro de 2013, já na
terça-feira.
A iniciativa do adiamento surgiu após
um pedido de parlamentares da Comissão de Educação do Senado, que ouviram, numa
audiência pública, as críticas de destacados linguistas brasileiros às novas
regras.
Como não havia tempo útil para a
aprovação de um projecto parlamentar, a saída foi negociada com o Governo,
disse à Lusa o senador Cyro Miranda no início do mês.
Desde Janeiro de 2009, quando começou
oficialmente a adesão do Brasil ao acordo, o uso da nova grafia é opcional, e
vai continuar a ser até 31 de Dezembro de 2015.
O adiamento, defendido por
parlamentares e linguistas, está a gerar polémica entre educadores e alunos que
já estão a adoptar as novas regras.
Para os especialistas, como o
linguista e professor brasileiro Ernani Pimentel, o adiamento é um primeiro
passo para a reforma do Novo Acordo que, na sua opinião, não simplifica
suficientemente a língua portuguesa.
Data:
28/12/2012
*** Fonte:
Abraço e bom fim de semana!
AP