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domingo, 27 de abril de 2014

CO-EXISTIR ou COEXISTIR?


Esta foi a dúvida que me apresentou, há alguns dias, uma colega professora.
Enquanto o Formulário Ortográfico de 1943 (Brasil) não faz qualquer referência ao prefixo co-,  a Base XXIX (artigo 9º) do AO45 (Portugal) determina que há hífen em “compostos formados com o prefixo co, quando este tem o sentido de «a par» e o segundo elemento tem vida autónoma: co-autor, co-dialecto, co-herdeiro, co-proprietário;
Como o verbo significa “existir juntamente” (ou seja, a par de) e há vida própria no segundo elemento (existir), esperar-se-ia uma grafia hifenizada: CO-EXISTIR. Mas não era isso que acontecia: escrevíamos COEXISTIR (do latim coexistĕre).
Com o AO90, introduzem-se alterações significativas na hifenização deste prefixo, mas a escrita desta palavra mantém-se: COEXISTIR.
A Base XVI do Novo Acordo Ortográfico estabelece que nas ”formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc.”, havendo lugar a hífen apenas antes de h (co-herdeiro).

CONCLUSÃO:
PORTUGAL e BRASIL
ANTES
AGORA
coexistir
coexistir
Nota: Querendo aprofundar a simplificação, a Academia Brasileira de Letras decidiu que nunca deverá ser colocado hífen com o prefixo co-, mesmo antes de h. Se tivermos em conta que escrevíamos coabitação antes da aplicação do AO90, tem lógica o procedimento. No entanto, ao fazer tábua rasa do que está claramente determinado no texto do AO, a ABL deu um tiro significativo no objetivo de reduzir diferenças entre as normas brasileira e luso-afro-asiática. Foi uma espécie de “fogo amigo”...

Abraço.
AP
Imagem encontrada AQUI.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Voluntário em S. Tomé 11: aldeia de Malanza (geral)

A zona em que desenvolvi a minha missão abrange três comunidades de ação dos Leigos para o Desenvolvimento: Porto Alegre (mesmo ao fundo da ilha), Ponta Baleia (onde está o cais de embarque para o Ilhéu das Rolas) e Malanza (onde fiquei instalado com os Leigos). Fiz em Malanza o vídeo e imagens a seguir apresentados.

Debaixo da ponte, o rio, usado e partilhado com os animais. Em cima, a estrada nacional nº 2 (há duas em S. Tomé), verdadeiro passeio público da aldeia...

Casa dos Leigos (vista do mar), única construção de alvenaria da aldeia.

Casa de Trajano (o enfermeiro do pequeno posto médico), a mais espaçosa e moderna (excluindo a dos Leigos)

Casa em construção: palafita montada sobre pilares de cimento (também podem ser de madeira). Bem mais espaçosa do que a generalidade das habitações.

Abraço.
AP

terça-feira, 22 de abril de 2014

Voluntário em S. Tomé 10: mais notícias a partir de amanhã...

A roça de Porto Alegre vista da janela da cozinha da casa dos Leigos em Malanza: uma das minhas paisagens preferidas…

Alguns amigos enviaram-me mensagens para o email, querendo saber se estava tudo bem comigo, uma vez que não voltei a publicar mensagens aqui desde o meu regresso no passado dia 11/4.
Estou bem, felizmente. Cheguei cansado e um pouco desidratado. Tive de pôr o sono em dia, regular o sistema gastrointestinal e (re)habituar-me ao clima europeu, tendo sentido imenso frio nos primeiros dias. Mais importante do que essas miudezas de cidadão voluntário para o mundo (lusófono) é o facto de a missão no terreno ter corrido bem. Dei tudo o que tinha e isso foi reconhecido com muito carinho.
A partir de amanhã, recomeçarei a publicar as informações que recolhi sobre S. Tomé com mais fotos.
Abraço a todos!
António Pereira
P.s. A minha mulher está a pressionar-me para irmos passar uma semana… a S. Tomé! Diz-me ela que assim posso levar mais alguns dicionários para a escola de Porto Alegre…

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Voluntário em S. Tomé 9: chuva na despedida...

 Com os alunos "profes" logo após a entrega dos diplomas...

 O mercado velho debaixo de chuva.

O gelado final na Gelidoxi...

Ontem, com um aperto no coração, disse adeus a Porto Alegre e a todos que tive oportunidade de conhecer durante a missão.
Hoje, literalmente, um dilúvio abateu-se sobre a cidade de S. Tomé. As torneiras do céu abriram-se no máximo ainda não eram 9h30 e assim permaneceram até às 16h00. Das partes altas da cidade desceram ribeiros em direção ao mar, deixando o trânsito (habitualmente caótico) infernal. Depois de um salta aqui, pula prà ali, para chegar ao mercado velho, fiquei ensopado (a chuva morna não deixa de me surpreender…) e nem sombra do sape-sape que queria levar para Lisboa. Ainda assim,  encontrei belas bananas-maçãs e caja-manga.
Antes de regressar à residência dos Leigos, ainda houve tempo para uma despedida dos gelados são-tomenses, na Gelidoxi, com dois novos sabores: caja-manga e um divinal tamarindo.
Amanhã de madrugada, Lisboa é o destino…
Abraço.

AP 

terça-feira, 8 de abril de 2014

Voluntário em S. Tomé 8: Quase cumprida a missão...

Foz do rio Malanza, quando o dia se atira abruptamente para os braços da noite...

Prato típico de S. Tomé: peixe-barriga-fumado (é mesmo esse o nome do peixe!) salgado com molho de legumes e a acompanhar fruta-pão assada na brasa...

Quase, quase... no fim da missão!
Feliz pelo feed-back recebido dos "alunos" e dos meus amigos Leigos e com o coração apertado pelas despedidas já feitas e as que se aproximam, parto amanhã para a capital e sexta de madrugada voo para Lisboa, onde devo chegar ao início da tarde. 
O momento de dizer adeus ao Sul terá lugar hoje à noite, após a soirée de petiscos são-tomenses que os profes da escola de Porto Alegre fizeram questão de preparar. 
Concluí há pouco, num intervalo, a leitura ávida de "Equador", de MST. Tanto o desfecho como o facto de ter chegado ao fim do livro deixaram-me alguma tristeza na alma. Não pude deixar de me identificar com a personagem central nesta passagem: "ele amava aquela ilha, o verde da mata, o azul do mar e o cinzento translúcido do nevoeiro que o envolviam, como se o protegessem nos seus braços de seiva, de sal, de névoa."
Abraço equatorial para todos!
António

P.s. Organizei com sucesso uma "dégustation" da minha nova compota em homenagem a S. Tomé: mamão com canela e chalela (designação dada aqui ao chá-príncipe).

sábado, 5 de abril de 2014

Voluntário em S.Tomé 7: o clima...

Num momento de pausa entre duas lições de francês, recebi a companhia de dois suínos que não resistiram ao verde da erva tenra do pátio da escola!
Parte dos meus alunos "profes", apanhados em momento de intensa concentração, que o professor-formador não é para brincadeiras!

É verdade que continuava a sofrer terrivelmente com o clima, mas aos poucos ia-se habituando e já só ensopava duas camisas por dia. O pior eram as noites onde, debaixo do obrigatório mosquiteiro, o calor se tornava ainda mais intenso e quieto.In Equador, pg. 164, de Miguel Sousa Tavares.
Com base no que foi a minha experiência da primeira semana, como outras passagens da obra (cuja empolgante leitura estou quase a concluir), esta pareceu-me exagerada…
As últimas noites mostaram-me que estava enganado. Se a temperatura não é excessiva, não sendo comum ultrapassar os 32 graus, a humidade abafada e estagnada é mesmo difícil de suportar. Numa noite, acordo às 4-5 horas da manhã e já não prego olho; na noite seguinte, o cansaço faz maravilhas e consigo dormir cerca de 7 horas. E o ciclo vai-se repetindo como as sezões…
No entanto, não me queixo. A experiência é novidade e vou guardá-la na memória e na pele. Quanto à roupa, tenho de lavar t-shirts e pijamas todos os dias. Estou especialista no uso do detergentes, sabão azul e branco e lixívia…
Abraço bem “tropicaliente”!

P.s. Iniciada em março, a estação das chuvas (mais quente), prolonga-se até meados de maio, seguindo-se a "gravana" (até setembro), a estação seca. Choverá muito menos, haverá menos sol e a temperatura baixará. Em contrapartida, muito do manto verde que cobre agora o solo vulcânico perder-se-á…
Nova estação de chuvas terá início em setembro até meados de dezembro, começando aí um período com menos chuva (a "gravanita", que vai até fevereiro).

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Voluntário em S. Tomé 6: pequenas coisas...


Perto do final da sessão de formação de professores, ontem, já noite dentro, entrou-me na sala esta beldade são-tomense. Ocupando quase metade da minha mão, a matulona aterrou mesmo à minha frente. Como ando sempre com máquina, clic… e aqui vos deixo a imagem!
Abraço!
António

P.s. Depois da prisão de ventre (que nunca tive antes), veio uma valente caganeira. Foi seguramente de uns caranguejos (e que saborosos estavam!) que comi a nadar em picante. Que era muito bom, que é o que um homem precisa para ter força (sobretudo “naquele sítio”). Pois, pois...