Ginjeira em flor! Foto tirada hoje, ao fim da tarde.
Para além da Língua Portuguesa em geral e do Novo Acordo em
particular, um dos meus hobbies é a agricultura biológica em pequena escala, a criação
de aves (galinhas, patos e pombos) para consumo próprio à moda antiga (com
trigo, milho, couves e restos de comida) e a produção artesanal de licores e
compotas com os frutos produzidos.
Amigos e conhecidos costumam falar-me da minha quinta em
Azeitão. Dois esclarecimentos:
1º Não é uma quinta, pois tem apenas 1000 metros. É mais um
quintalão.
2º Não é bem em Azeitão. Ou melhor, é em Azeitão, mas não
naquele que corresponde ao estereótipo que se generalizou. Esse denomina-se
Vila Nogueira de Azeitão. Ainda fino (mas não tão fino), temos, logo a seguir, na
direção Setúbal, Vila Fresca de Azeitão. Há ainda, de cariz mais popular, mais
dois topónimos terminados em Azeitão. Vendas de Azeitão e o meu Azeitão: Brejos
de Azeitão, onde há poços e se criam galinhas…
Para partilhar convosco o meu pequeno mundo vegetal e animal,
inicio hoje uma nova rubrica: plantas/animais cá da casa.
Iniciamos esta visita guiada com as ginjeiras. Tenho três
(duas compradas há um ano e uma terceira aquirida recentemente). O objetivo é a
produção de compota de ginja biológica (uma verdadeira delícia!) e o conhecido
licor de ginja. Neste momento, as árvores em flor deixam promessas dos
primeiros frutos (cf. foto). Veremos, até ao verão, os resultados.
Informação complementar:
"Ginja ou cereja ácida (Prunus cerasus), também conhecida
como amarena, é uma espécie do género Prunus, pertencendo ao subgénero Cerasus
(cereja), nativo de grande parte da Europa e do sudoeste asiático. É um parente
próximo da cereja Prunus avium, também conhecida como cereja-doce, mas o seu
fruto é mais ácido, sendo útil principalmente para fins culinários.
A árvore é menor que a da cereja-doce, alcançando entre 4 a
10 metros de altura. A cor do fruto varia entre o vermelho e o preto,
desenvolvendo-se em ramos mais curtos.
As ginjas cultivadas
foram seleccionadas a partir de espécimes selvagens de Prunus cerasus (…),
sendo já conhecidas pelos gregos no ano 300 AC. Eram muito populares entre os
romanos, que as espalharam por diversos pontos do seu império, entre os quais a
Grã-Bretanha, no século I.
No século XV, a ginja era já um fruto comum em Portugal,
sendo usada para diversos fins medicinais. Por altura de 1755, existiam em
Lisboa estabelecimentos que vendiam ginjas mergulhadas em aguardente, bebida
que mais tarde viria a ficar conhecida como ginjinha.
Na Grã-Bretanha, o
seu cultivo tornou-se popular no século XVI devido a Henrique VIII. Existem
registos de mais de duas dúzias de cultivares deste tipo de cereja em 1640, na
região de Kent. Nas Américas, os primeiros colonos de Massachusetts plantaram a
primeira ginja quando chegaram.
Em meados do século XIX, eram cultivadas ginjas no Brasil,
na região de São Paulo.
(…) A variedade Morello resiste bem à congelação, mantendo o
seu sabor intacto.
Ao contrário da maior parte das variedades de cerejas doces,
as ginjas produzem pólen para si mesmas, o que significa serem necessárias
populações de polinizadores bastante mais pequenas, dado que o pólen só
necessita ser transportado dentro de uma dada flor.
(…) Algumas variedades são utilizadas na produção de Kriek, um tipo de
cerveja oriundo da Bélgica. A Schaarbeekse krieken é uma dessas variedades,
podendo ser encontrada na região de Bruxelas. "Kriek" significa
precisamente "ginja", no neerlandês
flamengo falado na Bélgica (nos Países Baixos, a ginja é
conhecida por zure kers ou morel)."