Ponta Baleia, junto ao porto de embarque para o Ilhéu das Rolas, onde poderá ter crianças à espera...
Ao chegar a S. Tomé,
invariavelmente, o turista é cercado por “bandos” de crianças com o discurso na
ponta da língua: “Doce, doce, doce!” Não obtendo o doce pretendido, pedem
lápis, borrachas ou cadernos…
Encontrei em fóruns sobre viagens o
conselho de levar, na bagagem para S. Tomé, rebuçados, lápis, canetas, cadernos,
t-shirts, etc., porque "os meninos são muito necessitados" e vão dar em troca
sorrisos de derreter o coração. Há agências de viagens que dão o mesmo conselho…
Esta semana, a revista Visão traz um belíssimo artigo sobre a
ilha do Príncipe. Transcrevo alguns extratos sobre esta prática de dar coisas
às crianças.
TURISMO
RESPONSÁVEL
“Não se
compram sorrisos com doces”
O Príncipe pode ser
ainda um pedaço intocado de paraíso, mas só assim poderá permanecer se os
turistas que o visitarem tiverem uma atitude responsável perante a natureza e
as suas gentes. Até porque, muitas vezes, na ânsia de quererem o bem, os
visitantes acabam por trazer e fazer o mal.
“É o que
sucede quando as pessoas oferecem doces às crianças, só na ânsia de as verem
sorrir, e pensando que lhes estão a proporcionar momentos de felicidade”, diz
Diana Relego, 31 anos, coordenadora de marketing
da HBD. “A verdade é que, com esse comportamento, apenas estão a habituá-las a
mendigar, como se isso fosse a resolução dos seus problemas. Ainda por cima,
com a agravante, no caso dos doces, de o fazerem num país sem oferta de saúde
dentária.” (…)
“É
normal que as pessoas tenham o impulso de ajudar. Mas se tiverem algo para dar, é melhor que o entreguem às instituições
que trabalham no território.” (…)
“As crianças sorriem por simpatia natural,
não à espera de recompensa. É bom que assim permaneçam.”
A posição dos Leigos para o
Desenvolvimento (com quem estive alojado e a trabalhar na minha missão de
voluntariado) é coincidente com que acabo de transcrever: NÃO AO ESTÍMULO DA
MÃO ESTENDIDA!
Quando cheguei, no primeiro dia em
Malanza e Porto Alegre, as crianças chamavam-me branco e pediam-me doces.
Respondia-lhes que o meu nome era António, era o professor de Francês e que não tinha nem comia doces, por fazerem mal aos dentes. Nos restantes dias da missão, todos me chamavam António (alguns diziam-me "bonjour"!), vinham dar-me a mão e acompanhavam-me em parte do caminho. Quanto aos sorrisos, dei e recebi muitos todos os dias… isentos de açúcar!
Pode dar-se material escolar, mas
acabará por estragar-se rapidamente sem cumprir a sua missão de apoio à aprendizagem.
Como é sugerido no artigo da Visão,
quem tiver coisas para dar deve contactar uma das instituições instaladas em S.
Tomé. São cerca de 200 ONG ao dispor.
Os Leigos para o Desenvolvimento têm duas
equipas (uma na capital e a outra no Sul) e trabalham diretamente com as escolas. Se
quer ajudar as crianças de S. Tomé, eles saberão aconselhá-lo. Pode escrever à
Rita Marques: ldritamarques@gmail.com. Conheço-a e sei que não deixará de lhe responder.
Abraço.
AP
P.s.: Quem vai entregar a sua declaração de IRS este mês
também pode ajudar os Leigos a ajudar. Como?
Preencheendo o Campo 901 do quadro 9 do anexo H com o número fiscal dos Leigos para o
Desenvolvimento: CONTRIBUINTE
NÚMERO – 501 917 705, apoiará os Leigos com 0,5%
do seu imposto.
Destinando
0,5% do seu IRS para os Leigos para o Desenvolvimento não tem qualquer perda de
benefícios (não paga mais, não
recebe menos).