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domingo, 4 de maio de 2014

Voluntário em S. Tomé 12: dar ou não dar doces às crianças...

Ponta Baleia, junto ao porto de embarque para o Ilhéu das Rolas, onde poderá ter crianças à espera...

Ao chegar a S. Tomé, invariavelmente, o turista é cercado por “bandos” de crianças com o discurso na ponta da língua: “Doce, doce, doce!” Não obtendo o doce pretendido, pedem lápis, borrachas ou cadernos…
Encontrei em fóruns sobre viagens o conselho de levar, na bagagem para S. Tomé, rebuçados, lápis, canetas, cadernos, t-shirts, etc., porque "os meninos são muito necessitados" e vão dar em troca sorrisos de derreter o coração. Há agências de viagens que dão o mesmo conselho…
Esta semana, a revista Visão traz um belíssimo artigo sobre a ilha do Príncipe. Transcrevo alguns extratos sobre esta prática de dar coisas às crianças.

TURISMO RESPONSÁVEL
Não se compram sorrisos com doces
O Príncipe pode ser ainda um pedaço intocado de paraíso, mas só assim poderá permanecer se os turistas que o visitarem tiverem uma atitude responsável perante a natureza e as suas gentes. Até porque, muitas vezes, na ânsia de quererem o bem, os visitantes acabam por trazer e fazer o mal.
É o que sucede quando as pessoas oferecem doces às crianças, só na ânsia de as verem sorrir, e pensando que lhes estão a proporcionar momentos de felicidade”, diz Diana Relego, 31 anos, coordenadora de marketing da HBD. “A verdade é que, com esse comportamento, apenas estão a habituá-las a mendigar, como se isso fosse a resolução dos seus problemas. Ainda por cima, com a agravante, no caso dos doces, de o fazerem num país sem oferta de saúde dentária.” (…)
É normal que as pessoas tenham o impulso de ajudar. Mas se tiverem algo para dar, é melhor que o entreguem às instituições que trabalham no território.” (…)
As crianças sorriem por simpatia natural, não à espera de recompensa. É bom que assim permaneçam.

A posição dos Leigos para o Desenvolvimento (com quem estive alojado e a trabalhar na minha missão de voluntariado) é coincidente com que acabo de transcrever: NÃO AO ESTÍMULO DA MÃO ESTENDIDA!
Quando cheguei, no primeiro dia em Malanza e Porto Alegre, as crianças chamavam-me branco e pediam-me doces. Respondia-lhes que o meu nome era António, era o professor de Francês e que não tinha nem comia doces, por fazerem mal aos dentes. Nos restantes dias da missão, todos me chamavam António (alguns diziam-me "bonjour"!), vinham dar-me a mão e acompanhavam-me em parte do caminho. Quanto aos sorrisos, dei e recebi muitos todos os dias… isentos de açúcar!
Pode dar-se material escolar, mas acabará por estragar-se rapidamente sem cumprir a sua missão de apoio à aprendizagem. Como é sugerido no artigo da Visão, quem tiver coisas para dar deve contactar uma das instituições instaladas em S. Tomé. São cerca de 200 ONG ao dispor. 
Os Leigos para o Desenvolvimento têm duas equipas (uma na capital e a outra no Sul) e trabalham diretamente com as escolas. Se quer ajudar as crianças de S. Tomé, eles saberão aconselhá-lo. Pode escrever à Rita Marques: ldritamarques@gmail.com. Conheço-a e sei que não deixará de lhe responder.

Abraço.
AP
P.s.: Quem vai entregar a sua declaração de IRS este mês também pode ajudar os Leigos a ajudar. Como?
Preencheendo o Campo 901 do quadro 9 do anexo H com o número fiscal dos Leigos para o Desenvolvimento: CONTRIBUINTE NÚMERO – 501 917 705, apoiará os Leigos com 0,5% do seu imposto.
Destinando 0,5% do seu IRS para os Leigos para o Desenvolvimento não tem qualquer perda de benefícios (não paga mais, não recebe menos).

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