Não é raro encontrarmos as duas formas
(com e sem acento) do desafio de hoje. Mas apenas uma está correta, não
havendo, neste caso, diferenças entre Portugal e o Brasil. Mas já houve, como
vamos ver.
1. No dia 1 de setembro de 1911, foi oficializada uma verdadeira revolução na escrita em Portugal com o Formulário Ortográfico (inspirado nas Bases da Ortografia
Portuguesa de 1885, de Gonçalves Viana, e que o Brasil só viria a adotar 20
anos mais tarde).
Na Base XXXII [os ditongos éi, ói, éu]
diz-se:
“Os ditongos éi,
ói, éu, sempre finais tónicos, receberão o acento agudo, que os diferença de
ei, oi, eu, fechados; ex.: painéis, heróis, chapéus; em réis, batéis, papéis,
sóis êsse acento distingue tais vocábulos dos seus homógrafos reis (de rei),
bateis, papeis (de bater, papar), sois (do verbo ser). Outros exemplos são
bóia, jóia (cf. joio, com o fechado), gibóia, herói(s), etc.”
Sendo um ditongo aberto, escrevia-se idéia, segundo
as regras de 1911.
“Põe-se o acento agudo na base dos ditongos abertos éi, éu, ói, quando
tônicos: assembléia, bacharéis, chapéu, jibóia, lóio, paranóico, rouxinóis,
etc.”
Portugal e Brasil centram-se na mesma idéia.
Assim é que é bonito!
3. Dois anos depois, novo afastamento.
O acento que aproximava os dois lados do Atlântico vai perder-se do lado de
cá.
Recuperando as conclusões complementares
do Acordo de 1931 (que nunca viu a luz do dia), o Acordo Ortográfico de 1945, aplicado apenas em Portugal, determina, na Base 16:
“O ditongo ei da terminação eia, mesmo que possa soar éi, nunca
leva acento agudo, em virtude das divergências que neste caso existem não
apenas entre a pronúncia portuguesa e a brasileira, mas também entre as
pronúncias de regiões portuguesas. Escreve-se, portanto: assembleia, ateia
(feminino de ateu), boleia, Crimeia, Eneias, Galileia, geleia, hebreia, ideia, nemeia,
patuleia, plateia, do mesmo modo que aldeia, baleia, cadeia, cheia, lampreia,
sereia, etc.
Por idêntica falta de pronúncia uniforme, dispensa-se também o acento
agudo no ditongo ei da terminação eico e no ditongo oi de algumas palavras
paroxítonas: coreico, epopeico, onomatopeico; comboio (todavia combóio, como
flexão de comboiar), dezoito.”
1945:
ideia em
Portugal é idéia no
Brasil…
4. Em 2009, é ratificado o
Novo Acordo Ortográfico (janeiro no Brasil e maio em Portugal).
E a ideia volta a estar na ordem do dia. A Base IX alarga ao Brasil extinção
do acento ocorrida em Portugal 64 anos antes:
“Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e
oi da sílaba tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe
oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação:
assembleia, boleia, ideia,
tal como aldeia, baleia, cadeia, cheia, meia; coreico, epopeico,
onomatopeico, proteico; alcaloide, apoio (do verbo apoiar), tal como apoio
(subst.), Azoia, boia, boina, comboio (subst.), tal como comboio, comboias,
etc. (do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia,
moina, paranoico, zoina.”
2009: a mesma
ideia em
todo o universo da lusofonia!
CONCLUSÕES:
AP Nova mensagem no http://portuguesemforma.blogspot.pt |
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