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sábado, 13 de outubro de 2012

.doutor, Doutor ou tanto faz?

Eis um dos imbróglios (verdadeiro nó górdio!) do Novo Acordo Ortográfico!
Este extrato da Base IX (“Das maiúsculas e minúsculas”) é o epicentro da discórdia:
A letra minúscula inicial é usada: (…) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena);

Há duas interpretações inconciliáveis:
1ª. (MAIS RESTRITA):
Os axiónimos escrevem-se com minúscula, uma vez que a expressão “neste caso” limita a opcionalidade aos hagiónimos. Por outro lado, todos os exemplos de axiónimos estão com minúscula, enquanto o hagiónimo apresentado está com minúscula e maiúscula: “santa Filomena (ou Santa Filomena)”.
2ª. (MAIS ABRANGENTE):
Descendo na leitura da Base IX: “A letra maiúscula inicial é usada: (…) Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierarquicamente, em início de versos, em categorizações de logradouros públicos (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha).
Não há exemplos, mas o excerto “reverencialmente, aulicamente ou hierarquicamente” remete para os axiónimos. Logo, podemos escrever com maiúscula ou minúscula.

Partilho o ponto de vista do Dr. Carlos Alberto Faraco (Professor Titular, aposentado, de Linguística e Língua Portuguesa da Universidade Federal do Paraná. Membro da Comissão para a Definição da Política de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa do Ministério da Educação, no Brasil): “os axiônimos, independentemente de estarem ou não arrolados nas “regras”, sempre foram grafados com inicial maiúscula. A leitura restrita implicaria um rompimento radical com a tradição, o que não está no espírito do Acordo. Até mesmo porque o próprio Acordo, em outra disposição, mantém optativa a maiúscula “nos nomes usados reverencialmente, aulicamente ou hierarquicamente” (que, no fundo, são axiônomos), conforme apontamos acima. (…)
Penso que a leitura abrangente é a mais defensável. Ela se sustenta  no espírito do Acordo, que é simplificador e flexibilizador, na tradição e no bom-senso, que, em matéria de língua, é sempre indispensável.
No uso da prerrogativa que o Acordo me faculta, continuarei a grafar os axiônimos e hagiônimos com inicial maiúscula, embora cada um de nós possa optar, nestes dois casos, pela inicial minúscula.

CONCLUSÃO:
Portugal (norma luso-afro-asiática) e Brasil (norma brasileira)
doutor ou Doutor
Notas: A abreviatura Dr. deve ser grafada com maiúscula, segundo a Base IX do Acordo, 2º, h): “A letra maiúscula inicial é usada: (…) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H2O; Sr., V. Ex.ª;”

Abraço.
AP
P.s.
abat-jour, abajur ou… lucivelo?

Um comentário:

  1. Olá António,

    Inteiramente de acordo. Tudo em maiúsculas.
    Não tinha jeito nenhum escrever: santa Rita, por exemplo.
    O Sr. Dr. também tem de continuar, como dantes.

    Bom domingo.
    Beijo da Luz.

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