Ivo Miguel Barroso defende esta posição numa fundamentação da
queixa contra o Acordo Ortográfico (AO), que entrega esta semana na Provedoria
da Justiça.
"A Assembleia da República deve repor a normatividade violada,
operando um autocontrolo da validade, fazendo aprovar um ato que, reconhecendo
a inconstitucionalidade das normas contidas no AO e, também, na Resolução
parlamentar n.º 35/2008, retire eficácia a essa, autodesvinculando o Estado
português", lê-se no documento a que a Lusa teve acesso.
Ivo Miguel Barroso argumenta também que os cidadãos "gozam
direito de resistência" ao acordo, referindo o artigo 21.º da Constituição
Portuguesa, e também "de objeção de consciência e do direito genérico de
desobediência a normas inconstitucionais".
Numa fundamentação de 275 páginas o professor da faculdade lisboeta
apresenta argumentos pelo "demérito do AO" pela "violação de
regras extra-jurídicas da variante do português de Portugal".
Segundo Barroso, o "AO não assenta em nenhum consenso
alargado" e "não serve o fim a que se destina - a unificação
ortográfica da língua portuguesa". Artigo
completo AQUI.
Comentário:
Mesmo considerando as inconsistências do texto do AO e a forma
descoordenada como tem sido feita a sua divulgação, não me parece que o parecer
de Ivo Barroso tenha “pernas para andar”. Basta ler este extrato do que disse Francisco Viegas, Secretário de Estado da Cultura, em 7/3/12, ao semanário Expresso:
"Tal não significa, porém, que o AO esteja em causa, tal como não está a vontade expressa de aproximação dos Estados envolvidos. Nem faria sentido, neste momento e depois dos avultados investimentos que os sectores público e privado realizaram nas nossas escolas, voltar atrás nas decisões essenciais sobre o AO. De resto, a resolução do Conselho de Ministros de janeiro de 2010 resulta de um diálogo entre diversos países e instituições académicas e o AO está em vigor desde janeiro de 2012 em todos os organismos sob tutela do Estado."
Observação - Escreve-se, porém, o s em palavras como descer, florescer, nascer, etc., e o x em vocábulos como exceto, excerto, etc., apesar de nem sempre se pronunciarem essas consoantes.
Ouvi o homem na TV e, de facto, não argumentou nada com força que convencesse alguém a recuar nas questões do AO. Na minha opinião, querer inviabilizar tudo o que já está feito é de uma irresponsabilidade a toda a prova. E em nome de quê? Do direito à resistência? Parece-me pouco!
ResponderExcluirObrigada pela informação aqui divulgada, vou aproveitando.
Sempre ao dispor, Ana Paula!
ResponderExcluir;)