A questão de
hoje é suscitada pela pergunta que um leitor do blogue me fez chegar.
Pergunta:
“Podia tirar-me esta
dúvida: pelo novo acordo, devo escrever «rabo de cavalo» ou «rabo-de-cavalo»? O
Dicionário da Porto Editora opta pela primeira forma, mas o Dicionário Priberam
e o VOP do Portal da Língua Portuguesa registam a segunda. Acho sobretudo
estranho a posição do Portal, normalmente em acordo com a Porto Editora. Que
lhe parece? São as duas legítimas?”
Resposta:
Efetivamente, há discrepâncias incompreensíveis entre
as fontes referidas.
A. Se estivermos a referir-nos
ao penteado, os hífenes desaparecem e devemos escrever rabo de cavalo, de
acordo com a Base XV, ponto 6, do Novo Acordo: “Nas locuções
de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais,
prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas
exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia,
arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à
queima-roupa).”
Embora haja alguns pontos nebulosos na aplicação desta
regra, tanto o Ciberdúvidas como a
Dra. Margarita Correia, do ILTEC, estão de acordo: ponto de parte as exceções, “não se usa hífen nas palavras compostas que contêm um elemento de
ligação, ou seja, constituídas por nome + preposição + nome” (in Ciberdúvidas, 22/10/2012).
O VOLP da Academia Brasileira de Letras aplica a regra
à risca: rabo de cavalo s. m. penteado.
B. No entanto, à semelhança
do que acontece com bicos de papagaio,
em que o nome da doença perde os hífenes, mas a designação da planta ornamental
bico-de-papagaio os conserva por ser
uma espécie botânica, temos rabo-de-cavalo
como nome de uma espécie de palmeira e como designação de uma planta dos pântanos
(a cavalinha).
CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática)
e Brasil (norma
brasileira)
Duas
grafias são possíveis, em função do referente:
1. rabo de cavalo
(penteado)
2. rabo-de-cavalo (designação
de espécies botânicas)
Abraço!
APNota: Para ter acesso às fontes das imagens, basta clicar nas legendas.
Olá, António!
ResponderExcluirSempre escrevi rabo de cavalo, sem hífenes.
Desconhecia as outras versões, mas aqui, aprende-se.
Bises.
Obrigado pela visita!
ResponderExcluirBj
António
Caro António,
ResponderExcluirMuitíssimo obrigado. Fiquei elucidado.
Realmente o VOLP da Academia Brasileira de Artes é muito mais completo do que o VOP do Portal da Língua Portuguesa. Tenho de começar a explorar este recurso.
Cumprimentos,
Mário
Disponha sempre!
ExcluirAP
E como seria a grafia de “rabo de cavalo” relacionado ao trabalho médico como por exemplo: “...pode ser evitado com o uso de eletrodos ‘rabo-de-cavalo’ ou de pressão...”?
ResponderExcluirAí, "rabo de cavalo". Apenas mantém os hífenes a expressão que designa a espécie botânica.
ExcluirBoa tarde:
ResponderExcluirNão querendo ser maçadora e correndo o risco de já ter havido resposta a esta questão, pergunto: em Portugal como devo escrever «As carecterísticas. A característica. O caracter. Os Caracteres (tanto quanto à personalidade como referente às letras)»
Acrescento que já não sei se pronuncio o "c" ou não. Também eu tenho algumas reservas quanto ao AO, mas respeito-o e como entrou no sistema educativo em 2011, sigo-o. Porém tenho esta grande dúvida! (risos de mim).
Acrescento que não sou nada eficiente nestas andanças de blogs, mas vou lá chegar......(risos de mim também)
Olá, Natália!
ResponderExcluirEm primeiro lugar, não maça nada e estarei sempre à disposição.
Respondendo às perguntas:
1. Característica(s) e caraterística(s) - dupla grafia.
2. Carácter (caracteres) e caráter (carateres) – dupla grafia.
O mais seguro, em caso dúvida, é consultar o VOP do Portal da Língua Portuguesa (www.portaldalinguaportuguesa.org) situado no topo direito da respetiva página web. Persistindo a(s) dúvida(s), reafirmo a disponibilidade ;)
Boa Páscoa!
António Pereira (professor.ap@gmail.com)