Imagem encontrada AQUI.
A. Transcrevo extratos de uma interessante
troca de argumentos, em http://linguagista.blogs.sapo.pt/279240.html,
acerca da necessidade de haver ou não vírgula nesta frase antes de "senhor":
“Não
está errado, não, senhor, mas dantes só se ouvia e lia necessidades fisiológicas.”
1. “(…) «senhor» não é aqui
um vocativo. «Não senhor» é um reforço de «Não». Daí que se possa dizer
«Não senhor» ou «Não senhora» indiferentemente do sexo do concernido, tendo das
duas formas a segunda a maior «força». O mesmo vale para «Sim». (…) lembro que
em inglês se diz, tranquilamente, «Yes sir!» a uma senhora. Lembro-lhes também
que a interjeição espanhola «Hombre!» não significa 'homem', mas «OK», «Bom»,
«Se calhar tens razão».” (internauta Venâncio).
2. Uns posts mais
abaixo, a internauta Eugénia apresenta dois extratos de textos onde surge “sim/não
senhor”, mas sem vírgula.
a) Almeida Garrett, "Viagens
na Minha Terra", cap. 5.:
“Trata-se
de um romance, de um drama - cuidas que vamos estudar a história, a natureza,
os monumentos, as pinturas, os sepulcros, os edifícios, as memórias da época?
Não seja pateta, senhor leitor, nem cuide que nós o somos. Desenhar caracteres
e situações do vivo na natureza, colori-los das cores verdadeiras da
história... isso é trabalho difícil, longo, delicado, exige um estudo, um
talento, e sobretudo um tato!...
Não
senhor: a coisa faz-se muito mais
facilmente. Eu lhe explico.”
b) Júlio
Dinis, "As Pupilas do Senhor Reitor", cap. 3.:
“-
Muito boas tardes, tia Bernarda. Diga-me, viu passar por aqui o pequenito do
José das Dornas?
-
Nosso Senhor venha na companhia de Vossa Senhoria. Pois nada, não senhor,
Senhor Reitor. O rapazito passava dantes por aqui todas as tardes; mas haverá
coisa de quinze dias, ou três semanas, que já o não tenho visto.
[…]
-
Sabe me dizer, tio Bonifácio, se o pequeno do José das Dornas passou há pouco
tempo por aqui?
O
velho, já meio surdo, fez repetir a pergunta em tom mais elevado, e depois dum
momento de silêncio, durante a qual pareceu interrogar a memória, já perra e
enfraquecida.
-
Sim senhor, vi - respondeu, acenando
afirmativamente com a cabeça - Vi sim senhor. Passou
aqui com os bois, há meia hora.”
CONCLUSÕES:
Portugal
(norma luso-afro-asiática) e Brasil (norma brasileira)
1. Numa situação de comunicação, como fórmula de cortesia, é obrigatória a vírgula em “sim/não, senhor(a)” e “sim/não,
senhores/as”, pois o segundo elemento é um vocativo.
Exemplo: “Não, senhoras, não podem sair antes
do fim do turno.”
2. Quando o segundo elemento não é um verdadeiro vocativo, sendo
apenas um reforço do sim/não, exprime ironia ou espanto ou é sinónimo de de “sem
dúvida!”, “claro que sim!”, podemos
não usar a vírgula.
Exemplos:
“Sim senhor, lindo serviço!”
Extratos de “Vidas
Secas” (1971), Graciliano Ramos, encontrados num artigo
(AQUI):
“- Fabiano ia satisfeito. Sim senhor,
arrumara-se.
Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome,
comendo raízes.”
“Uma pessoa como aquela valia ouro. Tinha ideias, sim senhor, tinha muita coisa no miolo.”
NOTA:
Nos casos acima transcritos, não é necessária a vírgula, mas, considerando que,
na origem, a expressão resulta da junção advérbio+vocativo, colocá-la não
será erro. Se não tem a certeza se o segundo elemento é ou não um vocativo,
vá pelo seguro e “virgule”!
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Leia AQUI o post de ontem no meu outro blogue: “sim, senhor OU sim, senhora?”
Abraço.
AP
Olá, tudo bem. Gostei das dicas do seu blog. Obrigado ter feito um [certo]contato.
ResponderExcluirVolte sempre irmão!
http://ricardosenee.blogspot.com.br