Imagem encontrada AQUI.
O caso de hoje prova, mais uma vez, que, apesar das simplificações introduzidas com o AO, a hifenização continua a ser um verdadeiro bico de obra na língua portuguesa!
ANTES DA APLICAÇÃO DO ACORDO
ORTOGRÁFICO
A. Pela tradição lexicográfica, o
prefixo micro sempre se aglutinou ao segundo elemento: microorganismo e microondas são exemplos disso. Tínhamos duas vogais juntas,
não sendo correto colocar hífen elas. Ao mesmo tempo, tínhamos auto-observação,
sendo erro retirar o hífen…
B. A par de microorganismo, tínhamos a variante resultante da crase das vogais:
microrganismo. No entanto, não havia
crase em microondas.
APÓS DA APLICAÇÃO DO ACORDO
ORTOGRÁFICO
A. O ponto 1 da Base XVI determina
que “Nas formações com prefixos (…) e em
formações por recomposição (…) só se emprega o hífen nos seguintes casos: (…) b)
Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que
se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar,
supra-auricular; arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-onda,
semi-interno.”
A nova regra, embora
mantenha, na maior parte dos casos, o que se fazia (como em auto-observação ou
em contra-almirante), altera profundamente os procedimentos a adotar com o
prefixo micro, introduzindo hífenes
onde havia aglutinação: micro-ondas
e micro-organismo.
B. No entanto, a par de micro-organismo, foi mantida a
variante microrganismo, continuando a haver
uma única grafia para micro-ondas (antes sem hífen, agora com ele).
Conclusão:
Podemos escrever microrganismo,
mas não “microndas”.
A única explicação
que encontrei foi uma resposta dada no Ciberdúvidas, em 2007, segundo a qual
não pode haver crase em microondas, devido ao facto de a primeira sílaba do
segundo elemento ser a sílaba tónica (ondas),
o que não acontece com organismo, em que a sílaba tónica é a penúltima (organismo).
Num primeiro momento, pareceu-me excelente a
explicação. Quando comecei a aplicá-la com outras palavras, verifiquei que tal
regra falha. Em casos como micro-organização e micro-ondulação, mantêm-se as
duas vogais, não sendo tónica a primeira sílaba dos segundos elementos…
Explicação? Recorro a outra resposta do
Ciberdúvidas (AQUI): “Trata-se de um caso de forma
lexicalizada em que se deu a crase das vogais que ocorrem na periferia do
elemento de formação e da base, forma essa já registada na tradição
lexicográfica portuguesa e que importa manter.”
Por outras palavras: Com microrganismo, a tradição continua a ser o que era!
Abraço.
AP
Seguindo,que bom encontrar seu Blog,precisava disso,me atualizar,bjs
ResponderExcluirhttp://www.simonebastos2007.com/