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sábado, 20 de abril de 2013

.À semelhança de “microrganismo”, podemos escrever “microndas”?

Imagem encontrada AQUI.
 
O caso de hoje prova, mais uma vez, que, apesar das simplificações introduzidas com o AO, a hifenização continua a ser um verdadeiro bico de obra na língua portuguesa!

ANTES DA APLICAÇÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO
A. Pela tradição lexicográfica, o prefixo micro sempre se aglutinou ao segundo elemento: microorganismo e microondas são exemplos disso. Tínhamos duas vogais juntas, não sendo correto colocar hífen elas. Ao mesmo tempo, tínhamos auto-observação, sendo erro retirar o hífen…
B. A par de microorganismo, tínhamos a variante resultante da crase das vogais: microrganismo. No entanto, não havia crase em microondas.

APÓS DA APLICAÇÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO
A. O ponto 1 da Base XVI determina que “Nas formações com prefixos (…) e em formações por recomposição (…) só se emprega o hífen nos seguintes casos: (…) b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-onda, semi-interno.
A nova regra, embora mantenha, na maior parte dos casos, o que se fazia (como em auto-observação ou em contra-almirante), altera profundamente os procedimentos a adotar com o prefixo micro, introduzindo hífenes onde havia aglutinação: micro-ondas e micro-organismo.
B. No entanto, a par de micro-organismo, foi mantida a variante microrganismo, continuando a haver uma única grafia para micro-ondas (antes sem hífen, agora com ele).
 
 
Conclusão:
Podemos escrever microrganismo, mas não “microndas”.
Por que razão? - perguntará o leitor.
A única explicação que encontrei foi uma resposta dada no Ciberdúvidas, em 2007, segundo a qual não pode haver crase em microondas, devido ao facto de a primeira sílaba do segundo elemento ser a sílaba tónica (ondas), o que não acontece com organismo, em que a sílaba tónica é a penúltima (organismo).
Num primeiro momento, pareceu-me excelente a explicação. Quando comecei a aplicá-la com outras palavras, verifiquei que tal regra falha. Em casos como micro-organização e micro-ondulação, mantêm-se as duas vogais, não sendo tónica a primeira sílaba dos segundos elementos…
Explicação? Recorro a outra resposta do Ciberdúvidas (AQUI): “Trata-se de um caso de forma lexicalizada em que se deu a crase das vogais que ocorrem na periferia do elemento de formação e da base, forma essa já registada na tradição lexicográfica portuguesa e que importa manter.
Por outras palavras: Com microrganismo, a tradição continua a ser o que era!

Abraço.
AP

Um comentário:

  1. Seguindo,que bom encontrar seu Blog,precisava disso,me atualizar,bjs
    http://www.simonebastos2007.com/

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