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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

.AO: botânica, zoologia e pontos cardeais... vistos à lupa!

Fonte da imagem: AQUI.
 

A. Embora na prática anterior ao AO90 fosse hábito hifenizar os compostos usados para designar espécies botânicas e zoológicas, não havia uma regra específica como a que o Novo Acordo consagra no nº 3 da Base XV: “Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento”.
A regra parece clara, mas tem suscitado dúvidas:
1. Falando a regra em “espécies”, os nomes comuns e as subespécies têm o mesmo tratamento?
2. Devemos aplicar a regra a todas as designações botânicas ou zoológicas, independentemente de constarem ou não nos verbetes dos dicionários  e vocabulários do Portal da Língua Portuguesa e Academia Brasileira de Letras?
Resposta: Devemos usar hífen em todos os compostos que designam espécies botânicas e animais, mesmo que ao referente dessas designações falte uma conceptualização científica.” (Ciberdúvidas

B. Na era pré-AO, a regra relativa aos pontos cardeais era simples: “Os nomes dos pontos cardeais e dos pontos colaterais, que geralmente se escrevem com minúscula inicial, recebem, por excepção, a maiúscula, quando designam regiões: o Norte do Brasil; os mares do Sul; os povos do Oriente; as terras do Levante; o Ocidente europeu; o Noroeste africano; a linguagem do Nordeste.
Com o AO, fomos presenteados com esta “pérola”: “A letra maiúscula inicial é usada (…) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiático.
E, naturalmente, surgiram dúvidas, muitas dúvidas:
1. Como interpretar o “absolutamente”?
2. Desapareceu a noção de região?
Resposta: Para o Ciberdúvidas, só há maiúscula nos pontos cardeais escritos por extenso quando designam regiões e são usados "absolutamente", isto é, sem complementos: “Vou para o Norte” (“absolutamente”, sem complemento) vs. "Venho do norte de Portugal” (com complemento).

Abraço.
AP

Como complemento da mensagem de hoje, aqui fica a resposta do Ciberdúvidas, publicada hoje mesmo, a uma pergunta que enviei há algum tempo.
Perguntas
Hífen nas espécies vegetais, maiúscula nos pontos cardeais
António Pereira - Ex-professor - Setúbal , Portugal
[Pergunta]
Trago à vossa consideração duas questões.
QUESTÃO 1: Estabelecendo a Base XV do novo Acordo Ortográfico (AO) que se emprega o hífen «nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas», não deveriam todas as palavras que designam espécies de maçãs (por exemplo, maçã-reineta) ser hifenizadas? Não encontro nenhuma palavra que designe espécies de maçãs no VOP (nem de peras: pera-rocha, pera-acabate, etc.). Qual a diferença em relação a feijão-verde (que nem uma espécie é…), batata-semente, couve-roxa, couve-galega ou abóbora-menina?
QUESTÃO 2: Relativamente aos pontos cardeais, diz o novo AO que se usa maiúscula «Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal». Já a Convenção de 1945 diz que «Os nomes dos pontos cardeais e dos pontos colaterais (…) recebem, por excepção, a maiúscula, quando designam regiões: o Norte do Brasil; os mares do Sul; os povos do Oriente».
Tenho alguma dificuldade em interpretar o «absolutamente»… A noção de região esbate-se com o novo AO?
1. «Vou para o Norte, mas a minha mulher ficou no Sul… No sul de Espanha, devo acrescentar!»
As maiúsculas/minúscula parecem indiscutíveis.
2. «Vou para norte.» / «Viramos para sul.» / «Siga a direção norte!» / «Meca fica a leste.»
As minúsculas são adequadas? Se sim, como explicar a questão do «absolutamente»?
Finalmente, na generalidade dos guias diz-se que os pontos cardeais se escrevem com maiúscula quando designam regiões. Não vos parece ser esta uma “recuperação” do texto de 45 simplista e potencialmente incorreta como se pode constatar no exemplo “norte de Portugal”?
Obrigado.
 
[Resposta]
1. Na aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 (AO 90) o critério adotado tem sido usar hífen em todos os compostos que designam espécies botânicas e animais, mesmo que ao referente dessas designações falte uma conceptualização científica. Por consequência, deve-se escrever maçã-reineta, pera-rocha, pera-abacate, feijão-verde, batata-semente, couve-roxa, couve-galega, abóbora-menina.
2. Há de facto, como bem observa o consulente, uma diferença em relação ao Acordo Ortográfico de 1945 (AO 45), que é introduzida pela ocorrência de «absolutamente» e pelos exemplos dados, os quais levam a distinguir pontos cardeais que designam regiões mas que ocorrem com complemento («sul de Espanha», «norte de Portugal», por oposição a «o Sul» e «o Norte»). Recorde-se que se escrevia «no Sul de Espanha» e «Norte de Portugal», de harmonia com a Base XLI do Acordo Ortográfico de 1945, na qual se lê: «Os nomes dos pontos cardeais e dos pontos colaterais, que geralmente se escrevem com minúscula inicial, recebem, por excepção, a maiúscula, quando designam regiões: o Norte do Brasil; os mares do Sul; os povos do Oriente; as terras do Levante; o Ocidente europeu; o Noroeste africano; a linguagem do Nordeste.»
3. Os guias que apresentam maiúscula inicial nos nomes dos pontos cardeais que designam regiões mas não são usados "absolutamente" afastam-se de facto do AO 90 e seguem o AO 45. Carlos Rocha - 05/02/2013”

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