A.
Embora na prática anterior ao AO90 fosse hábito hifenizar os compostos usados
para designar espécies botânicas e zoológicas, não havia uma regra específica
como a que o Novo Acordo consagra no nº 3 da Base XV: “Emprega-se
o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas,
estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento”.
A
regra parece clara, mas tem suscitado dúvidas:
1. Falando a regra em “espécies”,
os nomes comuns e as subespécies têm o mesmo tratamento?
2. Devemos aplicar a regra a
todas as designações botânicas ou zoológicas, independentemente de constarem ou
não nos verbetes dos dicionários e
vocabulários do Portal da Língua Portuguesa
e Academia Brasileira de Letras?
Resposta: Devemos “usar hífen em todos os compostos que
designam espécies botânicas e animais, mesmo que ao referente dessas
designações falte uma conceptualização científica.” (Ciberdúvidas)
B.
Na era pré-AO, a regra relativa aos pontos cardeais era simples: “Os nomes dos pontos cardeais e dos pontos
colaterais, que geralmente se escrevem com minúscula inicial, recebem, por
excepção, a maiúscula, quando designam
regiões: o Norte do Brasil; os
mares do Sul; os povos do Oriente; as terras do Levante; o Ocidente europeu; o
Noroeste africano; a linguagem do Nordeste.”
Com
o AO, fomos presenteados com esta “pérola”: “A letra
maiúscula inicial é usada (…) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente:
Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo
sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente, por
oriente asiático.”
E,
naturalmente, surgiram dúvidas, muitas dúvidas:
1.
Como interpretar o “absolutamente”?
2.
Desapareceu a noção de região?
Resposta: Para o Ciberdúvidas, só há maiúscula nos pontos cardeais escritos por extenso quando designam regiões e são usados
"absolutamente", isto é, sem complementos: “Vou para o Norte”
(“absolutamente”, sem complemento) vs. "Venho do norte de Portugal” (com
complemento).
Abraço.
AP
Como complemento da mensagem de hoje,
aqui fica a resposta do Ciberdúvidas, publicada hoje mesmo, a uma pergunta que
enviei há algum tempo.
Perguntas
Hífen nas espécies
vegetais, maiúscula nos pontos cardeais
António Pereira - Ex-professor - Setúbal
, Portugal
[Pergunta]
Trago à vossa consideração duas
questões.
QUESTÃO 1: Estabelecendo a Base XV do
novo Acordo Ortográfico (AO) que se emprega o hífen «nas palavras compostas que
designam espécies botânicas e zoológicas», não deveriam todas as palavras que
designam espécies de maçãs (por exemplo, maçã-reineta) ser hifenizadas?
Não encontro nenhuma palavra que designe espécies de maçãs no VOP (nem
de peras: pera-rocha, pera-acabate, etc.). Qual a diferença em
relação a feijão-verde (que nem uma espécie é…), batata-semente, couve-roxa,
couve-galega ou abóbora-menina?
QUESTÃO 2: Relativamente aos pontos
cardeais, diz o novo AO que se usa maiúscula «Nos pontos cardeais ou
equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste
do Brasil, Norte, por norte de Portugal». Já a Convenção de
1945 diz que «Os nomes dos pontos cardeais e dos pontos colaterais
(…) recebem, por excepção, a maiúscula, quando designam regiões: o Norte do
Brasil; os mares do Sul; os povos do Oriente».
Tenho alguma dificuldade em interpretar
o «absolutamente»… A noção de região esbate-se com o novo AO?
1. «Vou para o Norte, mas a minha mulher
ficou no Sul… No sul de Espanha, devo acrescentar!»
As maiúsculas/minúscula parecem
indiscutíveis.
2. «Vou para norte.» / «Viramos para
sul.» / «Siga a direção norte!» / «Meca fica a leste.»
As minúsculas são adequadas? Se sim,
como explicar a questão do «absolutamente»?
Finalmente, na generalidade dos guias
diz-se que os pontos cardeais se escrevem com maiúscula quando designam
regiões. Não vos parece ser esta uma “recuperação” do texto de 45 simplista e
potencialmente incorreta como se pode constatar no exemplo “norte de Portugal”?
Obrigado.
[Resposta]
1. Na aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 (AO 90) o critério adotado tem sido
usar hífen em todos os compostos que designam espécies botânicas e animais,
mesmo que ao referente dessas designações falte uma conceptualização
científica. Por consequência, deve-se escrever maçã-reineta, pera-rocha,
pera-abacate, feijão-verde, batata-semente, couve-roxa,
couve-galega, abóbora-menina.
2. Há de facto, como bem observa o
consulente, uma diferença em relação ao Acordo
Ortográfico de 1945 (AO 45), que é introduzida pela ocorrência de
«absolutamente» e pelos exemplos dados, os quais levam a distinguir pontos
cardeais que designam regiões mas que ocorrem com complemento («sul de
Espanha», «norte de Portugal», por oposição a «o Sul» e «o Norte»). Recorde-se
que se escrevia «no Sul de Espanha» e «Norte de Portugal», de harmonia com a
Base XLI do Acordo Ortográfico de 1945, na qual se lê: «Os nomes dos
pontos cardeais e dos pontos colaterais, que geralmente se escrevem com
minúscula inicial, recebem, por excepção, a maiúscula, quando designam regiões:
o Norte do Brasil; os mares do Sul; os povos do Oriente; as terras do
Levante; o Ocidente europeu; o Noroeste africano; a linguagem do Nordeste.»
3. Os guias que apresentam maiúscula
inicial nos nomes dos pontos cardeais que designam regiões mas não são usados
"absolutamente" afastam-se de facto do AO 90 e seguem o AO 45. Carlos
Rocha - 05/02/2013”
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