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sábado, 23 de fevereiro de 2013

.Academia Brasileira lamenta adiamento do AO...

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Na linha seguida neste espaço de divulgar diferentes opiniões e posições sobre o AO e os acidentes de percurso que têm condicionado a sua aplicação plena, divulgo hoje um texto da Academia Brasileira de Letras sobre o prolongamento do período de transição até 31 de dezembro de 2015.

ABL divulga nota lamentando o adiamento da definitiva entrada em vigor do Acordo Ortográfico
A Diretoria da ABL, em sua primeira reunião deste ano, divulgou no dia 23 de janeiro, nota lamentando a decisão e afirmando que, nos primeiros dias de 2013, tão logo a obrigatoriedade da unificação ortográfica passasse a vigorar plenamente,  iria desenvolver um amplo movimento para que o idioma  fosse  adotado como língua de trabalho oficial na Organização das Nações Unidas (ONU).
 Ainda segundo a nota, não haveria mais desculpas para que os fóruns oficiais de política exterior continuassem a passar ao largo de um idioma de mais de 260 milhões de falantes, a pretexto das discrepâncias de grafia entre os países que compõem seu universo. “Consequência lógica da simplificação da escrita consagrada no Acordo seria o reconhecimento da crescente importância da lusofonia no cenário internacional e o coroamento natural de um longo processo, amadurecido sem qualquer açodamento”, afirma o documento. E prossegue: “Houve bastante tempo e oportunidade para que os descontentes se manifestassem. É uma pena que tenham deixado para forçar um adiamento unilateral nas últimas horas do prazo”.
A nota na íntegra:

A ABL e o adiamento do Acordo Ortográfico
Nas últimas horas de dezembro, quando o ano de 2012 estava terminando, o governo  surpreendeu o país  com a decisão de adiar para 2016 a entrada em vigor do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.  Só nos resta lamentar esse retrocesso – como observou o acadêmico Arnaldo Niskier em recente artigo.
Nos primeiros dias de 2013, tão logo a obrigatoriedade da unificação ortográfica passasse a vigorar plenamente, a Academia Brasileira de Letras pretendia iniciar um amplo movimento para que o idioma fosse adotado como língua de trabalho oficial na ONU e outros organismos internacionais. Não haveria mais desculpas para que os fóruns oficiais de política exterior continuassem a passar ao largo de um idioma  de mais de 260 milhões de falantes, a pretexto das discrepâncias de grafia entre os países que compõem seu universo. Consequência lógica da simplificação da escrita consagrada no Acordo  seria um reconhecimento da crescente  importância da lusofonia no cenário internacional e o coroamento natural de um longo processo, amadurecido sem qualquer açodamento.
Convém recapitular suas principais etapas. O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em 1990. Uma criança então nascida já  seria hoje  um cidadão adulto. No decorrer do extenso período de debates e discussões internas e externas sobre os problemas e as diferentes propostas dessa unificação, tal Acordo foi dissecado por especialistas, aprovado pelo Congresso de diferentes países, sancionado por chefes de estado. Finalmente, o Presidente Lula firmou em 2008 um documento decretando que a partir de 1º de janeiro de 2013 o Acordo entraria definitivamente em vigor no Brasil.
O país a ele aderiu sem traumas e com entusiasmo, desde  esse momento em 2008, mesmo sem ser obrigatório e sem que houvesse chegado o final do prazo. Imediatamente, jornais, revistas e livros passaram a segui-lo. Há quatro anos nossas crianças estão sendo alfabetizadas com o uso dessa grafia e lendo livros e revistinhas que seguem essa orientação. Centenas de concursos públicos o adotaram, inclusive o ENEM. Nossas  200.000 escolas o aceitaram – incluindo as do interior – e  o fato pode ser atestado na Olimpíada de Língua Portuguesa.
A Academia Brasileira de Letras, por decreto presidencial de 1972, como lembra Niskier, tem, entre nós, “as prerrogativas de ser a última palavra em matéria de grafia”. Ao longo de todos esses anos, jamais negou sua colaboração à sociedade, mas sempre procurou ouvi-la amplamente. O acadêmico Antonio Houaiss, filólogo respeitado no mundo inteiro, dedicou intensos esforços  e grande parte de sua vida à cuidadosa construção dessa obra delicada, até ela poder ser  amplamente aceita. Seu trabalho foi continuado pelo acadêmico Evanildo Bechara, com idêntica dedicação.
Ao longo desse processo, houve bastante tempo e oportunidade para que os descontentes se manifestassem. É uma pena que tenham deixado para forçar um adiamento unilateral nas últimas horas do prazo. Nem há o que comentar, os fatos falam por si. Só resta mesmo lamentar.
Academia Brasileira de Letras
Janeiro de 2013



2 comentários:

  1. Se calhar a ABL até terá razão. Não é justo que a meia dúzia de dias de entrar em vigor o AO seja adiado por 3 anos.
    No entanto há duas situações que me fazem confusão:
    - Eles falam como se com o AO, portugueses e brasileiros passassem a escrever da mesma forma o que não é verdade;
    - Por outro lado, dizem que iniciariam um amplo movimento para que o idioma fosse adoptado como língua de trabalho oficial na ONU - então e durante este período de transição não podem iniciar esse movimento porquê ? Se portugueses e brasileiros continuarão a escrever de forma diferente, em que é que o AO interfere para que o português seja reconhecido como língua oficial da ONU ?

    Pedro Oliveira Reis

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    Respostas
    1. Pode fazer essas perguntas diretamente à ABL. Entra em http://www.academia.org.br e clica em "ABL Responde" (menu no topo da página, à direita) e abrir-se-á um formulário onde deve escrever o nome, email e texto com a(s) dúvida(s).
      Bom resto de domingo.
      AP

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