Se com o artigo de Margarita Correia vos trouxe uma acha para a fogueira em que a aplicação do Novo Acordo se tornou, hoje, trago-vos... gasolina! Aqui vos deixo o artigo "O cadáver adiado", de Vasco da Graça Moura, publicado em 2/01/2013.
O cadáver adiado
por VASCO GRAÇA MOURA 02 janeiro
2013
No Brasil, tratava-se fundamentalmente de sacrificar o trema e o acento agudo
em meia dúzia de casos. E ninguém se resignava às regras absurdas de emprego do
hífen... Com isso, bastou o abaixo-assinado de uns 20 mil cidadãos para se adiar
a aplicação de uma coisa trapalhona denominada Acordo Ortográfico (AO). Os
políticos ouviram a reclamação, estudaram-na e assumiram-na, e a sr.ª Rousseff
decidiu.
Em Portugal, o número de pessoas que tomaram posição contra o AO já
ultrapassava as 120 mil em Maio de 2009. Hoje, e considerando tanto o Movimento
contra o AO de então como a actual Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) com
a mesma finalidade, esse número é incomparavelmente mais elevado.
Portugal bem pode propor a todos os quadrantes ideológicos e parlamentares da
sua classe política que se assoem agora a este cruel guardanapo.
Faltou-lhes a coragem de respeitar as opiniões autorizadas, a capacidade de
reflectir com lucidez sobre o assunto, a vontade cívica de se informarem em
condições.
Acabaram a produzir este lindo serviço, com a notável excepção do relatório
Barreiras Duarte, aprovado por unanimidade na Comissão Parlamentar de Ética,
Sociedade e Cultura (Abril de 2009), mas que não teve qualquer efeito
prático.
A CPLP, ao engendrar o torpe segundo protocolo modificativo do AO, violou sem
escrúpulos o direito internacional e traiu a língua portuguesa. Não serve.
Mostrou total inconsciência, incompetência, incapacidade e oportunismo na
matéria.
Agora, é evidente que, de três, uma: ou o Brasil vai propor uma revisão do
AO, ou tratará de a empreender pro domo sua sem ouvir os outros países de língua
portuguesa, ou fará como em 1945, deixando-o tornar-se letra morta por inércia
pura e simples.
No primeiro caso, mostra-se a razão que tínhamos ao insistir na suspensão do
AO, a tempo, para revisão e correcção. A iniciativa deveria ter sido portuguesa
e muitos problemas teriam sido evitados.
No segundo caso, mostra-se além disso que continuamos a ser considerados um
país pronto a agachar-se à mercê das conveniências alheias. Com a desculpa, a
raiar um imperialismo enjoativo, da "unidade" da língua, em Portugal haverá
sempre umas baratas tontas disponíveis para se sujeitarem ao que quer que o
Brasil venha a resolver quanto à sua própria ortografia. Foi o que se passou em
1986 e 1990.
No terceiro caso, mostra-se ainda que ficaremos reduzidos a uma
insignificância internacional que foi criada por nós mesmos.
Mas, em qualquer dos casos, a situação será muito diferente da actual.
Pode ler o artigo completo AQUI.
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