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domingo, 25 de outubro de 2015

Como escrever: MINI-CIMEIRA ou MINICIMEIRA?

SIC fora das leis do hífen...

O uso de hífen a seguir a mini- sempre levantou dúvidas por não haver consenso entre os gramáticos na sua classificação ora na classe dos prefixos/falsos prefixos ora como elemento de composição.
As regras a aplicar à hifenização com mini- não estavam enunciadas nem no FO43 (Brasil) nem no AO45 (Portugal), o que conduziu a opiniões divergentes. Para uns, aglutinava sempre; para outros, só havia hífen antes de vogal ou h; e havia ainda os que defendiam o uso do hífen apenas antes de h.
Veja-se esta resposta dada no Ciberdúvidas em 2003:
Em princípio não se deve utilizar hífen em palavras começadas por estes elementos (e outros): mini-, maxi-, micro-, macro-. (…)
Quando a unidade seguinte começa por h, alguns autores, contudo, sugerem a utilização de hífen.
O AO90 inclui mini- na lista dos “elementos não autónomos ou falsos prefixos” e aplica-lhe a regra geral que preceitua o uso de hífen em duas situações:
1. antes de h (mini-horta);
2. quando o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal igual à que se inicia o segundo elemento (mini-investigação).

CONCLUSÃO:
Devemos escrever minicimeira.

Obs.: Mesmo antes da aplicação do AO90, não há fundamento para uso de hífen em minicimeira, o mesmo se aplicando a palavras como minigolfe, minimercado, minibar, miniconcurso, minidicionário, miniférias, minivestido ou miniteste.

Apesar da chuva (que a minha horta saúda efusivamente!), bom domingo!

ProfAP

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Cabo Verde: findo o período de transição, Acordo Ortográfico entrou em vigor!

O novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa entra na quinta-feira, oficialmente, em vigor em Cabo Verde, o segundo país a pô-lo em prática, após Portugal, numa mudança que será "faseada e irreversível", segundo o ministro da Cultura cabo-verdiano.

Em entrevista à agência Lusa, Mário Lúcio Sousa disse que, agora, o acordo será obrigatório, mas estimou que a velha grafia da língua portuguesa só desaparecerá definitivamente do país em 2020.
"Não é uma atitude que se possa exigir com ruturas. Há também previsão de que a implementação seja faseada. Assim como se previu uma fase de transição de seis anos (de 2009 a 2015), estamos a prever um período até 2019/2020 para a implementação paulatina do acordo ortográfico", sustentou Mário Lúcio Sousa.
O ministro esclareceu que o período de implementação paulatina será para o país erradicar "de vez" a velha grafia. Será adotado um Plano de Implementação Complementar, que será executado "de forma concertada e articulada" entre os diferentes intervenientes (Estado, Comunicação Social e estabelecimentos de ensino).
O AO (Acordo Ortográfico) foi aprovado no Conselho de Ministros cabo-verdiano em 2009, mas o Governo aprovou um período de transição de seis anos, altura em que as novas regras foram utilizadas dispersamente e através de corretores, em alguns departamentos da administração pública e nalguns jornais "online" do país.
O ministro garantiu à Lusa que estão criadas todas as condições para o país começar a escrever apenas com base nas novas regras da língua portuguesa, mas a partir de agora o Governo de Cabo Verde promoverá sessões de esclarecimento para professores, estudantes, funcionários, jornalistas, corpo diplomático, entre outros.
Irá também disponibilizar conversores ortográficos e outros instrumentos que facilitem o uso do AO, bem como um guia de utilização dirigido aos meios de comunicação social, que será fornecido pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional de Lisboa, que tem um protocolo com o Instituto da Investigação e do Património Culturais (IIPC) de Cabo Verde.
O executivo cabo-verdiano irá adotar a nova grafia em toda a correspondência oficial do Estado, em todos os órgãos de comunicação social, designadamente, jornais e televisões e Boletim Oficial.
Mário Lúcio Sousa reconheceu que o novo acordo terá implicações nas gráficas, nos escritores, nas editoras, nas escolas, mas o país está num "ponto de não retorno".
"É melhor nós avançarmos e depois trabalharmos as outras questões, porque não vejo que o acordo venha a ser anulado, por exemplo. Cabo Verde tem essa tradição de nós avançarmos e um país com poucos recursos não pode vacilar nessas situações", salientou.
Em declarações à agência Lusa, dois diretores de escolas secundárias na Cidade da Praia recordaram que há mais de um ano que estão a fazer as diligências para avançar com as novas regras da escrita da língua portuguesa, pelo que se espera que a sua implementação será normal e sem muita resistência.
"Agora, o nosso dever, enquanto responsável da escola, é esclarecer, sensibilizar e incentivar a implementação e, depois, conforme as regras e orientações do Ministério da Educação, a escola terá que avançar, engajar-se e colaborar nesse sentido", disse Fernando Pinto, diretor da Escola Secundária Cesaltina Ramos, com cerca de 1300 alunos.
Dizendo que até agora há uma "mistura de escrita" e que será feito um trabalho com os professores de Língua Portuguesa para consciencializar os alunos com as novas formas de escrita do português, Maria José Pires, diretora do liceu Pedro Gomes, explicou, entretanto, que será uma "transição natural e sem resistências".
O ministro disse que Cabo Verde não encontrou dificuldades para implementar o novo acordo e destacou o apoio de organizações, como o Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), com sede na Praia, a Comissão Nacional das Línguas, órgão consultivo do Governo no que toca à política linguística, bem como o Ministério das Relações Exteriores (MIREX).
O acordo, firmado em 1990, já foi ratificado pela maioria dos países lusófonos, sendo que em Angola ainda não foi aprovado pelo Governo, em Portugal entrou em vigor em prática em maio último e no Brasil está previsto para 01 de janeiro próximo.
Fonte: Notícias ao Minuto (30-09-2015)

sábado, 17 de outubro de 2015

ÁGUA DE COLÓNIA ou ÁGUA-DE-COLÓNIA?

Embora, segundo as estatísticas oficiais, o Novo Acordo Ortográfico altere apenas 1,6% das palavras em Portugal (0,5% no Brasil), a hifenização sofreu alterações significativas, sobretudo nas locuções.
A BASE XV determina que «Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen [...].
Tudo simples? Nem por isso… Logo a seguir, pode ler-se: “salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa).

PROBLEMA 1:
Quando se diz “como é o caso de” fica a dúvida se são apenas sete as exceções ou se há outras. Ainda não obtive resposta para esta dúvida.
PROBLEMA 2:
Enquanto a Academia Brasileira de Letras segue à risca no seu Vocabulário esta lista de exceções, o Portal da Língua Portuguesa regista as mesmas exceções, mas também admite, à revelia do AO90, como variantes essas mesmas locuções sem hífen.

CONCLUSÃO:
PORTUGAL
BRASIL
água-de-colónia e… 
                                  água de Colónia!
Apenas água-de-colônia

Nota: Com a interpretação “criativa” do ILTEC, conseguiu-se esta proeza: onde antes existia uma única grafia (pé-de-meia), há agora duas em Portugal e uma no Brasil. A justificação dada é que sendo o paradigma “água de” geralmente não hifenizado, devemos admitir “água de Colónia”. Mas não é uma exceção sempre a fuga a um paradigma? Seguindo este raciocínio, todas as exceções poderiam deixar de o ser…

Abraço.

ProfAP
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sábado, 10 de outubro de 2015

1 500 000 de entradas!

Nascido em dezembro de 2010, este blogue recebeu até hoje um milhão e meio de visitas vindas de 177 países. Descontando as palavras desagradáveis, algumas vezes ofensivas (que me obrigaram a introduzir a moderação na caixa de comentários), de opositores ao Novo Acordo Ortográfico (por trair e ser conivente com o assassinato da língua portuguesa…), mas também de alguns dos seus acérrimos defensores (por referir inconsistências do AO90 e não ser um divulgador acrítico do documento), realizei com gosto o trabalho publicado em cerca de 500 artigos. 

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10. Bélgica – 1 973

Abraço a todos.

ProfAP
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