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Este é um dos casos em que há divergências, entre
Portugal e Brasil, na interpretação do que está prescrito no texto do Novo
Acordo Ortográfico.
A. O que
diz o AO na Base XVI, ponto 1. a) e b)
“Nas formações com prefixos (…) e em formações por recomposição,
isto é, com elementos não autónomos ou falsos prefixos, de origem grega e
latina (…)só se emprega o hífen nos seguintes casos:
(…) Nas formações em que o segundo elemento começa por h:
anti-higiénico/anti-higiênico, circum-hospitalar, co-herdeiro
(…).
Obs.:
Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo
elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar,
cooperação, cooperar, etc.”
Comentário:
Sendo o texto claro, não eram previsíveis
divergências. Sobretudo, sendo um dos exemplos apresentados no texto do AO… co-herdeiro! Na observação, diz-se que, em
geral, há aglutinação de co- com o
elemento seguinte. No entanto, “em geral” não é sinónimo de sempre…
B. Um
oceano a separar Portugal do Brasil...
1. Com interpretações estapafúrdias noutros casos (sobretudo
com a hifenização das locuções), aqui, Portugal andou bem e aplicou de forma fiel
o que diz o AO: co-herdeiro.
2. A Academia Brasileira de Letras, com base no
princípio da “simplificação”, decidiu que com co- há sempre aglutinação. Assim sendo, no seu VOLP regista apenas coerdeiro (a par de coabilidade, por
exemplo).
Andou mal a ABL nesta decisão unilateral. Sendo
verdade que a simplificação era um dos objetivos do AO, o principal argumento usado
na sua defesa era a promoção da língua portuguesa através da criação de uma
única norma para a sua regulamentação. O que se conseguiu neste caso? Onde antes tínhamos uma única grafia,
passámos a ter duas: uma para o Brasil e outra para a restante lusofonia.
Conclusões:
PORTUGAL
|
BRASIL
|
co-herdeiro (não houve
alteração)
|
coerdeiro (nova
grafia)
Nota: Até 1/01/2016, os brasileiros podem continuar a escrever co-herdeiro, pois o período de
transição foi prorrogado pelo governo brasileiro.
|
Abraço.
AP
Participei da entrevista Fala Multiplicador ficaria muito feliz se desse uma passadinha no meu blog Educar - O primeiro passo e deixasse um comentário.
ResponderExcluirBju
Bom dia Multiplicador António, desejamos muita paz pra você e a sua família!
ResponderExcluirVenho em nome dos EDUCADORES MULTIPLICADORES convidar você a:
@ Parabenizar os multiplicadores do mês;
@ Dar as boas vindas aos novos multiplicadores;
@ Retribuir comentários em sua postagem de publicação (na página índice).
Multiplicador, precisamos de sua visita para que o Projeto Educadores Multiplicadores tenha vida e continue crescendo. Contamos com a sua presença! Os Multiplicadores agradecem a gentileza e compreensão. Ah, no mês de junho tem novidade no E.M.
Excelente sábado, obrigado pela parceria, fiquemos na Paz de Deus e até breve.
IRIVAN
olá Antonio participo dos multiplicadores e vim te parabenizar pelo top comentaristas. Teu blog é maravilhoso,é sempre bom aprender sobre nossa ortografia. abraços
ResponderExcluirOlá Ant P. Obrigado pelas boas vindas ao EM. Abraço. Pedro R.
ResponderExcluirO dicionário Houaiss divulgou esta nota: "Quando o segundo elemento começa por H, a ABL sugere a supressão dessa letra na posição intermédia, a exemplo de coabitar, registrando, portanto, coerdar, coerdeiro, coipônimo etc. O Dicionário Houaiss, entretanto, registra ambas as formas (coerdeiro e co-herdeiro)."
ResponderExcluirConheço essa nota, mas ela não altera as conclusões apresentadas no artigo. Pela aplicação que Academia Brasileira faz do texto do AO, só há para o Brasil a grafia "coerdeiro". Se é verdade que o Houaiss apresenta "coerdeiro" e "co-herdeiro", o Aulete e o Michaelis seguiram a perspetiva da ABL.
ExcluirEssas pequenas coisas que me fazem pensar. Se não conseguimos seguir um simples acordo ortográfico nesse país, como vamos resolver nossos problemas mais sérios...
ResponderExcluirNão é tão simples assim. O problema não é que o AO seja ambíguo acerca de co-, ele é incoerente! O exemplo "co-herdeiro" aparece onde indicado, porém mais adiante, trata-se do grupo de prefixos que podem ser abreviados e cumulativos, a saber: co (=com), re, in (ou i) e des. E o AO dá muitos exemplos, como coabitar, desabitado, inabitado, reavido, etc. Ora, se a regra vale para estes prefixos também, deveria ser co-habitar, não é? Sendo pois o AO incoerente, dando duas regras em dois lugares, a ABL resolveu usar o princípio sa simplificação, citado no acordo como diretriz, para resolver o dilema, e uniformizou a escrita de co-herdeiro para ficar como coabitar e outras já estabelecidas. Acho que eles agiram bem, pois não faz sentido algumas perderem o h e outras não. Note que esses prefixos podem aparecer em sequência, o que torna a opção brasileira mais sensata: honrar, desonrar, coonrar, codesonrar. Da mesma forma: corréu, corresponsável, cossignatário, todos exemplos abonados pelo AO.
ResponderExcluirOs portugueses optaram por manter exceções: coabitar e coherdeiro, o que na minha opinião, não é muito coerente com o objetivo primário do acordo que era simplificar a grafia.
Incoerências à parte, se um dos exemplos apresentados no texto do AO (elaborado por uma equipa em que estavam especialistas brasileiros e portugueses) é "co-herdeiro", a decisão da ABL de escrever "coerdeiro", independentemente da bondade das razões que estiveram na base da opção, é um tiro no pé da unificação das normas. Neste caso, os portugueses não optaram, como diz, "por manter exceções", limitando-se a respeitar o que está no texto aprovado pela generalidade dos países lusófonos.
ExcluirNota: a grafia que os dicionários portugueses registam é "co-herdeiro" e não "coherdeiro".
Cumprimentos.
No texto aprovado, há a grafia "arquihipérbole", junto e sem hífen, no mesmo parágrafo que co-herdeiro. Será que a equipe de especialistas não percebeu o erro ou é a forma correta de se escrever, tal qual co-herdeiro, que você defende?
ExcluirH no interior das palavras só nos dígrafos "nh" e "lh" ou em palavras estrangeiras. Confirmei há pouco que, como diz, a grafia "arquihipérbole" está no texto do AO90, na Base XVI. Trata-se de um lamentável lapso.
ExcluirAbraço.
Eu, na minha humilde opinião de professor de português e espanhol, acho que não deveria haver prefixos com hífen, como no próprio espanhol: coheredero, prehistoria, interrelación... Usa-se o hífen, em espanhol, em poucos casos, como quando não se sente uma união plena: franco-inglés, por exemplo. Creio que seria muito melhor se se fizesse também assim em português.
ResponderExcluirEstou de acordo consigo: os procedimentos de hifenização deveriam ser simplificados. No entanto, retirar o hifen antes de "h" e manter essa letra seria problemático pois tal grafia entraria em conflito com a tradição lexicográfica do português. Logo, o "h" teria de desaparecer como já acontece em palavras como "desumanização" e "coabitação".
ExcluirAbraço e bom fim de semana.