"Neste momento, não se deve mexer no que está
feito", defende o linguista
NOTAS PRÉVIAS:
1. Não
se deve mexer no que está feito? O que está mal feito deve ser sempre rapidamente
corrigido, sobretudo tendo em conta que o texto do AO90 parece ter sido escrito em cima
do joelho e de forma pouco rigorosa.
2. Em relação à ratificação, falta Angola e Guiné-Bissau?
Malaca Casteleiro tem de rever as suas notas, pois está equivocado. “Com exceção de Angola
e de Moçambique, todos os restantes
países da CPLP já ratificaram todos os documentos conducentes à aplicação desta
reforma.” (Portal da Língua Portuguesa).
3. MC mostra-se confiante em que
Macau virá a adotar o Acordo Ortográfico. Grande façanha num espaço em que o uso português quase limita a vestígios escritos (em placas ou prédios) que ninguém entende. Quando,
ainda antes da transferência da administração para a China, lá estive, não me
cruzei com ninguém que falasse a nossa língua.
O linguista Malaca Casteleiro rejeitou hoje
qualquer "fracasso" relativamente ao Acordo Ortográfico, de que foi
um dos principais impulsionadores, desvalorizou a demora na aplicação e
defendeu que "não se deve mexer no que está feito".
"Não há aqui nenhum fracasso. Há naturalmente
um tempo de implementação do acordo que exige, digamos, percursos diferentes
para os diferentes países", afirmou, em declarações aos jornalistas, à
margem da Conferência Internacional sobre Ensino e Aprendizagem de Português
como Língua Estrangeira, que decorre na Universidade de Macau entre hoje e
sábado.
"Neste momento, não se deve mexer no que está
feito", sustentou.
O facto de o Presidente da República Portuguesa,
Marcelo Rebelo de Sousa, ter escrito um artigo de opinião no jornal Expresso
utilizando a antiga grafia foi interpretado, particularmente, pela corrente que
contesta a reforma linguística, como um sinal de esperança relativamente a uma
eventual reabertura do debate em torno de uma matéria que continua sem ser consensual.
"Se está em vias de aplicação em todos os
países por que é que agora vamos rever, criar mais um empecilho para se
conseguir a unificação ortográfica? É contraproducente. Do ponto de vista da
política da língua não é conveniente", observou Malaca Casteleiro.
"O Presidente da República tem todo o direito
de escrever como ele quiser como cidadão. Quando é Presidente da República tem
de cumprir a lei. E, neste momento, o Acordo Ortográfico constitui lei em
Portugal e, portanto, tem de ser aplicada -- só isso", afirmou.
Questionado sobre se voltaria atrás em algum
aspeto do Acordo Ortográfico, Malaca Casteleiro respondeu que "pode haver
algum aperfeiçoamento", contudo, "reservaria esse aperfeiçoamento
para depois da sua implantação em todos os países de língua portuguesa".
Mas nem todos os membros da Comunidade de Países
de Língua Portuguesa (CPLP) ratificaram o Acordo Ortográfico, subscrito nos
anos 1990.
"Esse trabalho está a ser feito", vincou
o especialista, recordando que "já só falta praticamente" Angola e
Guiné-Bissau.
Malaca Casteleiro manifestou-se ainda confiante
relativamente a uma eventual adoção do Acordo Ortográfico por parte de Macau,
uma Região Administrativa Especial da China onde o português constitui uma das
duas línguas oficiais pelo menos até 2049.
"Já temos discutido por várias vezes essa
questão. Há de lá ir, a questão vai devagar. (...) O acordo vai chegar
lá", observou Malaca Casteleiro, que colabora na elaboração de manuais de
ensino do Português como língua estrangeira para aprendentes chineses com uma
instituição de ensino superior de Macau que -- como enfatizou -- "estão
conforme o Acordo Ortográfico".
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