Segundo os docentes da língua portuguesa na Escola
Normal Superior Tchico-Té (Escola de Formação de Professores), o Acordo
Ortográfico "é um mistério" na Guiné-Bissau pela forma como terá sido
ratificado em 2011 "sem o conhecimento de quase ninguém".
O coordenador da licenciatura do português no
Tchico-Té, Domingos Gomes, disse ter sido com "espanto" que os
participantes de um seminário tomaram conhecimento em fevereiro deste ano da
ratificação do Acordo Ortográfico em 2011 "e que faltava apenas a sua
implementação".
"Para nós, é um assunto complicado e estranho
essa assinatura, tendo em conta que nunca foi divulgado", observou o
professor Gomes.
Como o documento já foi publicado no Boletim
Oficial (Diário da República), o professor Miguel Soares da Gama admite que os
seus alunos escrevam com base no Acordo Ortográfico.
"Não vejo mal nisso, aceito as duas variantes
da escrita do português", afirmou Soares da Gama, linguista e diretor do
Tchico-Té.
A mesma posição é também defendida pelos
professores Júlio Silva, Pinto Chico Nanque e Emília Silva, leitora do português
colocada no Tchico-Té pelo Camões -- Instituto da Cooperação e da Língua.
Os três docentes não têm objeções quanto ao uso do
Acordo Ortográfico mas, dizem, até à sua "plena implementação" a
Guiné-Bissau "terá que percorrer um longo caminho e gastar algum
dinheiro".
"Assinar o Acordo Ortográfico e implementá-lo
vai se traduzir em várias situações complicadas, sobretudo no que diz respeito
ao financiamento porque vai se colocar o problema da formação de professores,
jornalistas e de funcionários em vários serviços públicos", notou o
professor Domingos Gomes.
O Acordo Ortográfico foi ratificado pela maioria
dos países lusófonos, à exceção de Angola e Moçambique. Em Angola ainda nem foi
aprovado pelo Governo e em Moçambique aguarda a ratificação pelo parlamento.
Portugal e Brasil estabeleceram moratórias para a
aplicação do acordo, estando prevista a entrada em vigor efetiva a 13 de maio e
a 01 de janeiro próximos, respetivamente.
Obervação: S. Tomé e Príncipe foi o terceiro país (antes de Portugal) a
ratificar o Acordo Ortográfico. No entanto, quando lá estive, como voluntário
da Gulbenkian, numa formação de professores em 2014, verifiquei que, como
acontece na Guiné-Bissau, os docentes desconhecem o documento…
Abraço.
ProfAP
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