Chegou ao Parlamento a 26 de Abril e ganhou “luz verde” da Comissão de Educação, Ciência e Cultura para ser discutida em plenário.
A
petição “Pela desvinculação de Portugal ao ‘Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa’ de 1990”, com 6212 assinaturas, vai ser discutida em plenário na
Assembleia da República. A decisão foi tomada na Comissão Parlamentar de
Educação, Ciência e Cultura, onde foi aprovado, a 16 de Julho, um relatório
nesse sentido.
No
relatório que dá provimento à petição e a remete agora para plenário, assinado
pelo deputado relator Michael Seufert, refere-se (pág.18) que “é um facto
objectivo que, tirando os académicos envolvidos na elaboração do próprio
Acordo, é difícil encontrar uma opinião da academia portuguesa favorável ao
acordo – por razões variadas”
No
mesmo documento (pág. 21), antes da emissão do parecer, escreve o deputado
relator: “Pouco há a assinalar contra reformas ortográficas que assinalem as
normais e duradouras mudanças que as línguas sofrem ao longo dos anos. Não é o
caso desta. Como os países de língua portuguesa evoluem o ‘seu’ Português de
forma independente, uma reforma ortográfica clara e simplificadora provavelmente
criaria mais diferenças do que identidades entre as várias formas de Português.
Não viria mal ao mundo por isso e seria mais útil para cada um dos povos que
escreve Português do que criar uma “ortografia unificada de língua portuguesa”
de utilidade duvidosa. Aliás, de alguma maneira essa ortografia unificada
contraria a própria história.”
A
petição “Pela desvinculação de Portugal ao ‘Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa’ de 1990”, que é subscrita por Ivo Miguel Barroso, Madalena Homem
Cardoso e outros, num total de 6212 assinaturas, foi entregue na Assembleia da
República a 26 de Abril deste ano. O seu destino inicial era a Comissão de
Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, já que os
peticionários suscitaram, em relação ao Acordo Ortográfico, “várias questões de
constitucionalidade”. Mas, apesar do protesto (e do recurso) dos autores da
petição, esta foi remetida à Comissão de Educação, Ciência e Cultura, que no
dia 2 de Julho ouviu alguns dos peticionários.
A
par disto, o grupo de trabalho criado naquela comissão “para acompanhamento do
Acordo Ortográfico” decidiu adiar o seu relatório final, que deverá ser
apresentado na próxima semana, na terça ou na quarta-feira. A deputada Rosa
Arezes, membro do grupo, disse à Lusa que a votação foi adiada “para que sejam
feitos pequenos ajustes nas conclusões”. “Achou-se por bem tecer alguns
comentários, algumas considerações finais e alguns pormenores técnicos, em
resultado das audições realizadas pelo grupo de trabalho e dos contributos apresentados
no site da Assembleia da República e em comunicações escritas”, referiu a
deputada social-democrata.
Data: 17/07/2013
COMENTÁRIO:
Neste espaço, faço a divulgação crítica das alterações
introduzidas pelo Novo Acordo Ortográfico, trazendo ao conhecimento dos
leitores as peripécias do processo de adoção das novas regras. Assim sendo, não
podia deixar de dar destaque a esta petição.
1. Não me vou pronunciar sobre as questões legais.
2. Sobre as razões apresentadas no documento:
a) Concordo que a unificação das duas normas luso-africana e brasileira é
artificial e utópica, mas há simplificações e sistematizações propostas no AO que são
interessantes, sobretudo no domínio da hifenização;
b) Também acho que o texto do AO deixa muito a
desejar, mas certamente por razões diferentes das dos subscritores da petição. O
documento nem sempre é claro, contém ambiguidades e erros, tendo havido pouco
rigor na sua redação;
c) Quando se diz na petição que “Pouco há a assinalar contra reformas ortográficas que
assinalem as normais e duradouras mudanças que as línguas sofrem ao longo dos
anos. Não é o caso desta.”, levanta-se um problema. Sendo verdade
que foram agora introduzidas alterações à revelia da evolução natural da
língua, o mesmo aconteceu (em larguíssima escala) com as mudanças introduzidas
no início do século XX. Logo, para ser coerente, a petição teria de pedir a
revogação não apenas do AO90 mas também do Formulário Ortográfico de 1911.
Abraço.
AP
É um princípio para acabar com esta vergonha inqualificável.
ResponderExcluirChega condenar os portugueses à indigência intelectual.
Só não percebo como se pode alterar palavras sem alterar a sua pronúncia. As chamadas "consoantes mudas" existem, na esmagadora maioria dos casos, para abrirem a vogal que as precede. Como retirá-las sem alterar a sua fonética?
ResponderExcluirCaro "Joker":
ExcluirAgradeço o comentário. Responderei no blogue na próxima mensagem, pois o assunto não é linear, sendo mesmo um dos tópicos de grande desacordo à volta do Acordo.
Cumprimentos.
António Pereira